FLUXOGRAMAS O
segredo para a obtenção de resultados consistentes é mediante a padronização
dos processos. Quando se tem um padrão estabelecido a seguir, é muito mais
fácil e rápido desempenhar as atividades do dia a dia. Além
de trazer agilidade e exatidão às operações, a padronização de processo
possibilita mapear atividades de planejamento a fim de que sejam realizadas
sempre da mesma forma, seguindo a mesma lógica de execução. Podemos
dizer, sem sombra de dúvidas, que a ferramenta mais básica e mais eficaz para
realização de mapeamento de processos é o fluxograma. O
fluxograma é uma expressão gráfica que demonstra uma representação
esquemática de um processo. Através dele é possível mapear cada uma das
etapas do processo na sua sequência lógica de execução, bem como os pontos
onde existem decisões a serem tomadas, dados a serem utilizados ou
arquivados, intervalos de tempo entre as tarefas, dentre outras coisas. Como
o próprio nome já diz, o fluxograma é uma espécie de diagrama que representa
o fluxo de atividades a serem desempenhadas em uma ordem lógica, ou o fluxo
que um documento deve percorrer entre os departamentos de uma organização.
Ele tem o objetivo de ordenar o processo e impedir que etapas sejam
realizadas antes de cumprir requisitos, ou etapas serem realizadas de maneira
errada. O
fluxograma foi introduzido no cenário industrial por Frank e Lillian Gilbreth durante uma apresentação à Sociedade Americana
de Engenheiros Mecânicos (ASME), em 1921. Desse momento em diante, a
ferramenta foi se difundindo, tanto para mapeamento de processos, quanto no
ramo de desenvolvimento de sistemas, até que foi inserida por Ishikawa como
uma das 7 ferramentas básicas da qualidade. Os
fluxogramas podem ser utilizados para traçar de maneira inteligente desde as
tarefas mais simples envolvendo apenas um indivíduo, até as tarefas mais
elaboradas que envolvam diversas áreas e tomadas de decisões. Um
exemplo da necessidade e funcionalidade do fluxograma dentro dos processos
industriais. “Quais são os passos lógicos para fazer um
café?”, o que você responderia? Será
que você analisou esse processo na íntegra, contemplando todos os passos
lógicos? Lembre-se
que nos processos industriais, os erros precisam ser mitigados ao máximo, não
há brecha para tentativa e erro. Vejamos
um exemplo de um fluxograma dessa atividade e compare com a sua resposta: Figura 17 Observando
o fluxograma acima, provavelmente você notou que esqueceu algumas etapas
desse processo que é tão simples. Talvez, tenha achado até desnecessário o
nível de detalhamento do processo, afinal, essa é uma atividade muito simples
que qualquer um sabe desempenhar, sendo parte do cotidiano da maioria das
pessoas. E
se esse fosse o fluxo de uma atividade complexa, que não é de conhecimento
geral? E se estivéssemos apresentando esse fluxograma para uma criança que
nunca fez café, no intuito que ela pudesse fazê-lo pela primeira vez? A
relevância dessa ferramenta no mapeamento dos processos, na importância de se
ter padrão para atividades complexas do cotidiano de uma indústria, de modo
que permita a sua realização seguindo sempre o mesmo fluxo de etapas. Regras
Básicas para Utilização do Fluxograma No
tópico anterior, demonstramos que o fluxograma é uma expressão gráfica
utilizada para mapeamento de processo. Como
toda expressão gráfica, ele apresenta símbolos e regras de utilização que tem
como objetivo demonstrar exatamente qual o tipo de atividade a ser
desempenhada em cada ponto. Cada
símbolo demonstra uma ação diferente a ser tomada, seja no sentido de avançar
no processo, esperar, decidir, arquivar, inserir dados manualmente, dentre
várias outras. Veja
a tabela com os principais símbolos e a sua função: Figura
18 – Simbologia do Fluxograma Entender
a codificação por trás do fluxograma é vital para entender os processos que
foram mapeados com essas ferramentas, bem como as nuances por trás da
execução de cada uma das atividades. Por
exemplo, se precisarmos demonstrar que dados serão salvos em um HD, basta
utilizar o símbolo “Disco Magnético” atrelado a um processo de salvar dados. Caso exista a necessidade de tomar
uma decisão de fazer, ou não fazer alguma etapa, com base em uma premissa, se
faz necessário o uso do ponto de decisão (Sim ou Não). Realizadas as formalidades, chega o
momento de partirmos para a Manutenção Centrada em Qualidade. Como pudemos ver na figura 15
(matriz), o fluxograma será utilizado para estruturação de processos, tanto
na etapa de planejamento (P), como na etapa de execução (D). Construindo Estratégias e Táticas
de Manutenção com Fluxogramas Pode-se dizer que o fluxograma é a
principal ferramenta de mapeamento de processos utilizado na gestão industrial
e serve, tanto para mapear atividades cotidianas e rotineiras, quanto para
traçar o fluxo de ideias utilizadas no planejamento. Na Manutenção Centrada na Qualidade
não é diferente, nessa abordagem, o fluxograma tem o mesmo protagonismo,
sendo o principal aliado do planejamento estratégico e tático da área de
manutenção e servirá como alicerce para todas as atividades que serão
realizadas de maneira subsequente. Quando estamos falando de
estratégia, entende-se que não serão abordados fluxos de pequenas atividades.
O detalhamento ficará de fora. Nesse momento, iremos definir grandes decisões
da manutenção envolvendo, principalmente, a gestão financeira do setor (como
os recursos da área serão definidos e utilizados). Vejamos na imagem a seguir, o fluxograma
macro de gestão financeira estratégica da manutenção: Figura
19 – Planejamento Estratégico da Manutenção Note que, nesse fluxo macro, as
atividades se repetem “infinitamente” em um ciclo, seguindo o mesmo padrão de
ação proposto no PDCA. Observe também que, nesse fluxo, cada processo
(Quadrado) representa uma macro atividade composta por diversas micro
atividades que irão traçar o método de realizá-la. Como se trata de um macrofluxo,
todo o planejamento é feito de maneira estratégica, a longo prazo, e cada uma
das etapas representa uma série de ações a serem tomadas. O objetivo desse
plano é “nortear” todas as ações da manutenção durante um período de, no
mínimo, 365 dias (1 ano). Apenas para ressalva, o fluxo da
figura 18 não se trata de um fluxo padrão de planejamento estratégico da manutenção e, sim,
de um modelo que pode ser utilizado ou não, para realização dessa tarefa.
Cabe ao gestor mapear a forma como acha mais conveniente tratar a sua área a
longo prazo. Retomando agora a ideia central, para
que esse fluxo ganhe sentido e forma, é necessário ir mais a fundo,
destrinchando cada um dos quadrados para entender como será tratada a tática
da área. Cada uma dessas macro atividades
deverão ser desdobradas em outros fluxos, contemplando, dessa vez, as táticas
que o setor precisa traçar. Por exemplo, selecionemos a macro tarefa de
“Elaboração de Plano de Manutenção. Esse processo envolve diversas operações
diferentes, desde o levantamento de informações sobre os equipamentos, até a
definição de frequências para as atividades de manutenção. Vamos verificar como esse processo
poderia ser realizado através de um fluxograma: Figura
20 – Elaboração de Plano de Manutenção De maneira simplificada, temos um
fluxograma contemplando todas as operações de elaboração de um plano de
manutenção. Perceba que apenas um dos quadrados (processos) da figura 18, que
contemplava a elaboração de plano de manutenção, foi desdobrado em um fluxo
de operações. A essa atividade damos o nome de DESDOBRAMENTO DE PLANEJAMENTO. O que foi feito, aqui, foi a
transformação da estratégia de um período em um fluxo de operações. O que
precisa ser feito de maneira global é a transformação de cada um dos
processos em um fluxo de operação. Devido a essa versatilidade, defini
o fluxograma como primeiro grande passo para a Manutenção Centrada em
Qualidade, pois é através dele que todo o planejamento do setor será
realizado, desde o nível estratégico até o nível operacional. Cabe, nesse momento, um lembrete.
Não se decepcione por não destrincharmos a fundo cada um dos processos do macrofluxo
de planejamento estratégico da manutenção. O objetivo é elucidar o
funcionamento das ferramentas para que você, gestor de manutenção,
transforme-a em aliada daqui em diante. Planejando a Operação O
fluxograma mostra seu papel mais relevante na etapa que vem após o
planejamento: a padronização da operação. A
matriz da manutenção centrada em qualidade deixa claro que o papel do
fluxograma é fundamental em duas etapas do PDCA: o planejamento e a execução.
O
planejamento operacional é o que mais carece de padronização, pela própria
natureza repetitiva desse tipo de atividade. A
palavra qualidade está diretamente relacionada a seguir um padrão, e o
fluxograma é a ferramenta ideal para realizar esse trabalho. Cada um dos
fluxogramas táticos, que norteiam operações, precisa ser desdobrado em
fluxogramas operacionais que contemplem todas as atividades para realização
de uma operação. Esses
fluxogramas de padronização das atividades rotineiras são tão importantes no
planejamento quanto na execução, porque, acima dos outros (estratégicos e
táticos), esses, de fato, servirão como manual para realização de atividades
diárias. Devido
a sua grande frequência de utilização e por estarem diretamente em posse de
mantenedores, traçando padrões para atividades que necessitam de grande
controle de precisão, usualmente, os fluxogramas operacionais são utilizados
como parâmetro para elaboração de procedimentos operacionais. Os
procedimentos operacionais (conhecidos, na maioria das vezes, pela sigla POP’s- Procedimentos Oeracionais)
são documentos de elaboração para transformar o fluxograma operacional em um
manual didático, explicativo e ilustrado, que servirá como guia para as ações
dos mantenedores em campo. Contemplando
todas as “nuances” da operação, deve se atender a premissa da clareza, em
primeiro lugar. Quanto mais explicativo for o POP, maior a chance de a
execução da tarefa ser adequada. Veja um exemplo de procedimento operacional
na figura a seguir: Figura
21 – Modelo de Procedimento Operacional Observando
os fluxogramas operacionais até aqui, fica a impressão que servem apenas para
guiar a realização de atividades manuais. Entretanto, esse conceito está
equivocado. Qualquer operação, seja de cunho técnico, ou administrativo, pode
(e deve) ser padronizada com fluxogramas operacionais. Atividades
como montar um calendário de manutenção, programar atividades, emitir e dar
baixa em ordens de serviço, coletar dados e controlar indicadores, inspecionar,
capacitar e multiplicar conhecimento, também carecem de padronização para
serem realizadas de maneira aceitável. A
desordem se instala em um setor de manutenção quando cada programador
trabalha de um jeito diferente, quando o planejador e o programador não estão
devidamente alinhados, quando ninguém sabe exatamente quem será responsável
por realizar uma atividade. Nesse cenário, urge a necessidade da padronização
por meio de fluxogramas operacionais. Figura
22 – Priorização de Serviço de Manutenção Corretiva. Fonte: TELES, 2019 Veja o exemplo proposto por Teles
(2019) que mapeia e define o fluxo para a operação de priorização de serviço
de manutenção corretiva. Nesse fluxo, fica claro a
importância do padrão para atividades de cunho intelectual na missão de
trazer ordem para a realização das tarefas. Sem esse tipo de planejamento, as
atividades rotineiras ficam “soltas”, abrindo grande espaço para o
acontecimento de problemas e, consequentemente, causando furos no
planejamento. |