Karl Marx
Quando viveu
De 1818 a † 1883
Onde nasceu
Trier, Alemanha
O que pensou
Marx criticou a escola de seu tempo,
apontando-a como instrumento de dominação ideológica da burguesia. Para
ele, uma educação integral deveria ser destinada a todas as crianças e
jovens sem distinção de classe social, possibilitando-lhes conhecer tanto
as ciências quanto as atividades produtivas.
Frase “A união entre trabalho,
instrução intelectual, exercício físico e treino politécnico elevará a
classe operária”
O que ler
Marx e a Pedagogia Moderna, Mario
Alighiero Manacorda, 200 págs., Ed. Cortez;
A Ideologia Alemã, Karl Marx e
Friedrich Engels, 168 págs., Ed. Martins Fontes (Título original: Die
deutsche Ideologie. 1845-1846) Antes de ler Karl Marx leia: Hegel
Depois de ler Karl Marx leia: Anton
Makarenko, Antonio Gramsci, Florestan Fernandes, Paulo Freire. Para saber
mais sobre Marx
PEDAGOGIA
Karl Marx
O
pensador alemão, um dos mais influentes de todos os tempos, investigou
a mecânica do capitalismo e previu que o sistema seria superado pela
emancipação dos trabalhadores.
01/07/2011 14:25
Texto Márcio Ferrari
Recentemente, Marx foi eleito o filósofo mais importante da
história
Frase de Karl Marx:
“A união entre trabalho, instrução
intelectual, exercício físico e treino politécnico elevará a classe
operária”
Karl Marx nasceu em 1818 em Trier,
sul da Alemanha (então Prússia). Seu pai, advogado, e sua mãe descendiam
de judeus, mas haviam se convertido ao protestantismo. Estudou direito em
Bonn e depois em Berlim, mas se interessou mais por filosofia e história.
Na universidade, aproximou-se de grupos dedicados à política. Aos 23 anos,
quando voltou a Trier, percebeu que não seria bem-vindo nos meios
acadêmicos e passou a viver da venda de artigos. Em 1843, casou-se com a
namorada de infância, Jenny von Westphalen. O casal se mudou para Paris,
onde Marx aderiu à militância comunista, atraindo a atenção de Friedrich
Engels, depois amigo e parceiro.
Foi expulso de Paris em 1845, indo
morar na Bélgica, de onde também seria deportado. Nos anos seguintes, se
engajou cada vez mais na organização da política operária, o que despertou
a ira de governos e da imprensa. A Justiça alemã o acusou de delito de
imprensa e incitação à rebelião armada, mas ele foi absolvido nos dois
casos. Expulso da Prússia e novamente da França, Marx se estabeleceu em
Londres em 1849, onde viveu na miséria durante 15 anos, ajudado, quando
possível, por Engels. Dois de seus quatro filhos morreram no período. O
isolamento político terminou em 1864, com a fundação da Associação
Internacional dos Trabalhadores (depois conhecida como Primeira
Internacional Socialista), que o adotou como líder intelectual, após a
derrota do anarquista Mikhail Bakunin. Em 1871, a eclosão da Comuna de
Paris o tornou conhecido internacionalmente. Na última década de vida, sua
militância tornou-se mais crítica e indireta. Marx morreu em 1883, em
Londres.
Numa de suas frases mais famosas,
escrita em 1845, o pensador alemão Karl Marx (1818-1883) dizia que, até
então, os filósofos haviam interpretado o mundo de várias maneiras. “Cabe
agora transformá-lo”, concluía. Coerentemente com essa idéia, durante sua
vida combinou o estudo das ciências humanas com a militância
revolucionária, criando um dos sistemas de idéias mais influentes da
história. Direta ou indiretamente, a obra do filósofo alemão originou
várias vertentes pedagógicas comprometidas com a mudança da sociedade. “A
educação, para Marx, participa do processo de transformação das condições
sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo processo”, diz Leandro
Konder, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
No século 20, o pensamento de Marx
foi submetido a numerosas interpretações, agrupadas sob a classificação de
“marxismo”. Algumas sustentaram regimes políticos duradouros, como o
comunismo soviético (1917-1991) e o chinês (em vigor desde 1949). Muitos
governos comunistas entraram em colapso, por oposição popular nas décadas
de 1980 e 1990. Em recente pesquisa da rádio BBC, que mobilizou grande
parte da imprensa inglesa, Marx foi eleito o filósofo mais importante de
todos os tempos. Luta de classes
Na base do pensamento de Marx está a
idéia de que tudo se encontra em constante processo de mudança. O motor da
mudança são os conflitos resultantes das contradições de uma mesma
realidade. Para Marx, o conflito que explica a história é a luta de
classes. Segundo o filósofo, as sociedades se estruturam de modo a
promover os interesses da classe economicamente dominante. No capitalismo,
a classe dominante é a burguesia; e aquela que vende sua força de trabalho
e recebe apenas parte do valor que produz é o proletariado.
O marxismo prevê que o proletariado
se libertará dos vínculos com as forças opressoras e, assim, dará origem a
uma nova sociedade. Segundo Marx, o conflito de classes já havia sido
responsável pelo surgimento do capitalismo, cujas raízes estariam nas
contradições internas do feudalismo medieval. Em ambos os regimes
(feudalismo e capitalismo), as forças econômicas tiveram papel central. “O
moinho de vento nos dá uma sociedade com senhor feudal; o motor a vapor,
uma sociedade com o capitalista industrial”, escreveu Marx.
A obra de Marx reúne uma grande
variedade de textos: reflexões curtas sobre questões políticas imediatas,
estudos históricos, escritos militantes – como O Manifesto Comunista,
parceria com Friedrich Engels – e trabalhos de grande fôlego, como sua
obra-prima, O Capital, que só teve o primeiro de quatro volumes lançado
antes de sua morte. A complexidade da obra de Marx, com suas constantes
autocríticas e correções de rota, é responsável, em parte, pela variedade
de interpretações feitas por seus seguidores. Trabalho e
alienação
Em O Capital, Marx realiza uma
investigação profunda sobre o modo de produção capitalista e as condições
de superá-lo, rumo a uma sociedade sem classes e na qual a propriedade
privada seja extinta. Para Marx, as estruturas sociais e a própria
organização do Estado estão diretamente ligadas ao funcionamento do
capitalismo. Por isso, para o pensador, a idéia de revolução deve implicar
mudanças radicais e globais, que rompam com todos os instrumentos de
dominação da burguesia.
Marx abordou as relações
capitalistas como fenômeno histórico, mutável e contraditório, trazendo em
si impulsos de ruptura. Um desses impulsos resulta do processo de
alienação a que o trabalhador é submetido, segundo o pensador. Por causa
da divisão do trabalho – característica do industrialismo, em que cabe a
cada um apenas uma pequena etapa da produção –, o empregado se aliena do
processo total.
Além disso, o retorno da produção de
cada homem é uma quantia de dinheiro, que, por sua vez, será trocada por
produtos. O comércio seria uma engrenagem de trocas em que tudo – do
trabalho ao dinheiro, das máquinas ao salário – tem valor de mercadoria,
multiplicando o aspecto alienante.
Por outro lado, esse processo se dá
à custa da concentração da propriedade por aqueles que empregam a
mão-de-obra em troca de salário. As necessidades dos trabalhadores os
levarão a buscar produtos fora de seu alcance. Isso os pressiona a querer
romper com a própria alienação.
Um dos objetivos da revolução
prevista por Marx é recuperar em todos os homens o pleno desenvolvimento
intelectual, físico e técnico. É nesse sentido que a educação ganha ênfase
no pensamento marxista. “A superação da alienação e da expropriação
intelectual já está sendo feita, segundo Marx”, diz Leandro Konder. “O
processo atual se aceleraria com a revolução proletária para alcançar,
afinal, as metas maiores na sociedade comunista.”
Aprendizagem para a mente, o corpo e
as mãos
Combater a alienação e a
desumanização era, para Marx, a função social da educação. Para isso seria
necessário aprender competências que são indispensáveis para a compreensão
do mundo físico e social. O filósofo alertava para o risco de a escola
ensinar conteúdos sujeitos a interpretações “de partido ou de classe”. Ele
valorizava a gratuidade da educação, mas não o atrelamento a políticas de
Estado – o que equivaleria a subordinar o ensino à religião. Marx via na
instrução das fábricas, criada pelo capitalismo, qualidades a ser
aproveitadas para um ensino transformador – principalmente o rigor com que
encarava o aprendizado para o trabalho. O mais importante, no entanto,
seria ir contra a tendência
“profissionalizante”, que levava as
escolas industriais a ensinar apenas o estritamente necessário para o
exercício de determinada função. Marx entendia que a educação deveria ser
ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. Essa concepção, chamada de
“onilateral” (múltipla), difere da visão de educação “integral” porque
esta tem uma conotação moral e afetiva que, para Marx, não deveria ser
trabalhada pela escola, mas por “outros adultos”. O filósofo não chegou a
fazer uma análise profunda da educação com base na teoria que ajudou a
criar. Isso ficou para seguidores como o italiano Antonio Gramsci
(1891-1937), o ucraniano Anton Makarenko (1888-1939) e a russa Nadia
Krupskaia (1869-1939). Para pensar
A alienação de que fala Marx é
conseqüência do afastamento entre os interesses do trabalhador e aquilo
que ele produz. De modo mais amplo, trata-se também do abismo entre o que
se aprende apenas para cumprir uma função no sistema de produção e uma
formação que realmente ajude o ser humano a exercer suas potencialidades.
Você já pensou se a educação, como é praticada a seu redor, procura dar
condições ao aluno para que se desenvolva por inteiro ou se responde
apenas a objetivos limitados pelas circunstâncias?