Praticando a Pedagogia de Jesus
A Pedagogia do Comportamento Marcus De Mario Encontramos
na introdução de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", em seu item
1, 1º parágrafo, as seguintes palavras de Allan Kardec: "A
parte moral (do Evangelho) exige a reforma de cada um. Para os homens, em
particular, é uma regra de conduta, que abrange todas as
circunstâncias da vida privada e pública, o princípio de todas as relações
sociais fundadas na mais rigorosa justiça. É, por fim, e acima de tudo, o
caminho infalível da felicidade a conquistar, uma ponta do véu erguida sobre
a vida futura" (grifo nosso) (1). Sendo
os ensinos de Jesus "uma regra de conduta", temos então uma
Pedagogia do Comportamento definida pelo Mestre em seus ensinamentos e no seu
próprio exemplo, motivo pelo qual a base cristã do Espiritismo está
exclusivamente assentada sobre a parte moral do Evangelho. Isso
não quer dizer que todo espírita seja um "santo", que em sua
existência seja isento de fa-lhas, pois entende o
Espiritismo que todo homem é um espírito reencarnado em determinado grau de
progresso na senda da evolução. Mas entende também que devemos fazer todos
"os esforços para domar as más inclinações" e desenvolver o bem e o
amor ao próximo. Aplicar
a pedagogia de Jesus no processo de educação é fazer com que o educando
estabeleça paulatinamente: 2.
Regras de conduta moral para si mesmo. 3.
Rigorosa justiça nas relações sociais. 4.
Seu caminho para a felicidade. 5.
Compreensão sobre a vida futura. E
como Jesus firmou os ensinos morais no código imutável da lei divina, que é a
plenificação do amor, bondade e justiça de Deus,
podemos igualmente entender que a prática de sua pedagogia abraça com firmeza
e profundidade o amor e o exemplo como as grandes ferramentas do processo
educacional. Com
esse entendimento e estendendo nosso olhar sobre as narrativas evangélicas,
identificamos sete princípios da prática pedagógica de Jesus, procurando,
neste trabalho, mostrar sua aplicação prática na evangelização espírita. PRINCÍPIOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DE JESUS E SUA APLICAÇÃO 1. A Pessoa Humana 2. O Crescimento Pessoal Compreendendo o princípio pedagógico: Jesus, o maior educador de
todos os tempos, por várias vezes estimulou os discípulos para que
exercitassem seu crescimento interior na fé e na prática do Evangelho. Na
passagem da tempestade, quando o barco ameaça perder-se no fundo das águas
revoltas, Jesus aparece andando sobre as ondas e, percebendo a dúvida dos
discípulos, pois pensa-vam estar sob ilusão,
convida Pedro a ter fé e andar também ele sobre as águas. Jesus aguarda,
mantendo distância, e o mais velho dos discípulos efetivamente consegue.
Entretanto, Pedro vacila e começa a afundar, sendo resgatado pelo Mestre que
explica: a pouca fé fora o motivo, mas o cresci-mento
do poder dessa fé no íntimo do ser pode realizar prodígios, como aquele do qual todos foram testemunhas. 3. Valorização do Contato Pessoal Compreendendo o princípio pedagógico: Jesus está com os discípulos.
Jesus está com os familia-res dos discípulos. Jesus
está na praça pública. Jesus está na praia. Jesus está nas estradas. Jesus
está no templo. Jesus sempre está com alguém, inclusive com Deus nos momentos
íntimos de ora-ção. É a valorização do contato
pessoal, pois a Boa Nova é para o coração do homem. Jesus vai ao encontro dos
seus irmãos e atende-lhes as necessidades. Visão espírita deste princípio pedagógico: "Fora da caridade não há
salvação" é o grande lema do Espiritismo, entendendo que caridade é amar
o próximo, é atender-lhe, é caminhar com ele, é ouvi-lo, enfim, é prestar
todo atendimento necessário. E não há caridade sem o contato pessoal, sem a valo-rização da relação interpessoal. Praticando este princípio pedagógico: Também o evangelizador
espírita deve estar atento às ne-cessidades dos
educandos, atendendo-lhes com amor e solicitude, afeto e paciência. Deve
fazer da sala de aula uma extensão do lar, não apenas no aspecto físico, mas,
principalmente, no sentido da relação afetiva. Deve procurar ouvir os
educandos e aproveitar suas narrativas, suas angústias, seus problemas, seus
sonhos, suas alegrias, para de tudo isso extrair lições de vida que
enriqueçam a importância do contato pessoal, do estar com outro, do construir
sua história com a história dos ou-tros. 4. O Homem e a Experiência Humana Compreendendo o princípio pedagógico: Outro princípio praticado por
Jesus é "não dar o peixe, mas ensinar o homem a pescar", como
ensina antigo provérbio chinês. Estimulando os discípulos à prática do amor e
da caridade, prepara-os para exercitarem por si mesmos os ensinos. Eles
partem em duplas, pelos caminhos, para ensinar o Evangelho. Jesus estimula-os
para as atividades de cura, para a desobsessão
(expulsar demônios como se dizia à época) e também para o atendimento fra-terno às pessoas necessitadas de orientação e
consolo. Os discípulos estão sempre estudando e trabalhando. Ouvem o Mestre,
fazem suas indagações e colocam-se a caminho. Jesus não fazia tudo sozinho,
nem tomava o lugar que competia aos discípulos. Sabia que a experiência
individual é in-substituível para o crescimento equilibrado do homem. Visão espírita deste princípio pedagógico: Qualificar o homem para o bom
desempenho de sua missão na Terra, quer no âmbito familiar como no social, é
reconhecido pelo Espiritismo como tarefa da educação, e isso só pode ser
feito se ele tiver as lições teóricas e os espaços para a correspon-dente
prática. Assim educado, ele terá condições de interagir com a sociedade e
modificá-la. 5. Visão Integral do Homem Compreendendo o princípio pedagógico: Sendo espírito perfeito,
governador do planeta terra, Je-sus tinha plena
consciência da condição integral do ser humano como espírito imortal. Não é
por ou-tra razão que ele declara: "Vós sois a
luz do mundo, vós sois o sal da terra". Ao mesmo tempo sabia lidar com
os diversos graus de nossas aptidões, sempre exaltando o bem, o belo, o
positivo. Não te-cia julgamentos e cuidava de
esclarecer e consolar na mesma medida, sem distinções, exaltando a criação
divina e o potencial humano de crescimento. Visão espírita deste princípio pedagógico: Observamos em Jesus a crença no
homem, pois na verdade estava vendo o espírito imortal, que tem por finalismo
a perfeição, o estado de puro espírito. Reconhecia nossas fraquezas e vícios,
mas não os condenava, fazendo todos os esforços para apri-morar
nosso entendimento e a força de vontade em superar obstáculos no
auto-aprimoramento. 6. Relação Teoria-Prática o princípio pedagógico: Outro princípio presente na pedagogia
de Jesus é a rela-ção constante entre a teoria dos
seus ensinos e a prática dos mesmos. Ele não ficava nas parábolas, nos
sermões ou contando histórias. Ele era o exemplo vivo. Diversas vezes chamou
a atenção dos discípulos para a necessidade deles mesmos praticarem o que
ouviam, pois o Evangelho, para se estabelecer nos corações, necessita de algo
mais do que as letras faladas ou escritas, precisa do exemplo, necessita da dinâmica do amor ao próximo. Visão espírita deste princípio
pedagógico: Essa relação entre a teoria e a prática é muito importante em
educação, pois a formação do caráter e a educação moral do homem não se fazem
somente pelos livros, pelas leis ou pelos discursos, como informa Allan
Kardec em "O Livro dos Espíritos". Toda teoria, que é sempre
imprescindível em qualquer ramo do conhecimento humano, significa o estudo, a
apreciação, enfim, o próprio conhecimento da ciência ou disciplina à qual nos
dedicamos. A teoria deve estar conjugada com a prática, que corresponde às
experiências acumuladas de aplicação da teoria. Praticando este princípio pedagógico: O evangelizador deve trabalhar
de forma dinâmica e criati-va, fazendo da sala de
aula um ambiente alegre, proveitoso nos ensinos e estimulante no fazer. Jo-gos cooperativos e dinâmicas
para desenvolvimento do relacionamento interpessoal devem intercalar os
estudos, fazendo com que os educandos se sintam envolvidos pela energia do
Evangelho e per-cebam que sua prática no mundo
atual é perfeitamente possível e necessária. 7. O Sentido Transcendente da Experiência Humana Compreendendo o princípio pedagógico:
Por que vivemos na terra? Por que temos a experiência reencarnatória?
Jesus respondeu essas e outras questões no magistral diálogo com Nicodemos, ao esclarecer as diferenças entre o corpo e o
espírito, nosso ascendente divino e nossa destinação su-perior.
Como Mestre, sempre esclareceu a necessidade de transcendermos a condição
humana, de combatermos o egoísmo, o orgulho e os vícios em nós mesmos. Em
reconhecermos a paternidade divina e darmos importância às relações afetivas
que constróem o homem verdadeiramente civiliza-do. Referências
Bibliográficas |