Quando representamos um
objeto simples por suas vistas ortográficas principais, não é difícil
interpretar sua forma e características. Entretanto, quando seu interior é
complicado e repleto de detalhes, a representação deste objeto por vistas
ortográficas torna a leitura do desenho difícil pelo grande número de
linhas invisíveis (representadas por linhas tracejadas) utilizadas para
indicar as arestas e os contornos não visíveis ao observador que está no
exterior do objeto.
Nestes casos, deve-se
complementar a representação do objeto por suas vistas secionais. Vistas
secionais são as obtidas quando supõe-se que a peça foi cortada por um
plano secante, convenientemente escolhido, e removida a parte interposta
entre este plano e o observador.
Figura 1: Corte de um
objeto pelo plano secante
Vistas
Secionais
Como mencionado, deve-se
representar esta nova situação sob a forma de uma projeção planificada, ou
seja, utilizar os conceitos apresentados na teoria de projeções para
resultar uma imagem bidimensional do novo objeto.
Figura 2: Projeção de
um ponto
Essas vistas são
classificadas em cortes e seções. A Norma Brasileira NB–8 da ABNT,
distingue claramente estas duas categorias:
-
Corte: Registra
tanto a interseção do plano secante como a projeção da parte visível
desta, situada além deste plano.
-
Seção: Registra tão
somente a interseção do plano secante com o objeto.
A figura a seguir
exemplifica, para um mesmo objeto, a diferença entre o corte e a
seção:
Corte |
Seção |
Figura 3: Diferença
entre corte e seção
Representação de
Cortes e Seções
Os cortes e seções devem ser
destacadas em relação ao restante do objeto, que estavam atrás do plano
secante. A superfície cortada, ou seja, a interseção do plano secante com
a peça, deve possuir hachuras. As hachuras são representadas por
linhas finas, geralmente inclinadas a 45° em relação à base, e igualmente
espaçadas para se obter um desenho uniforme. A figura a seguir mostra as
convenções de hachuras referentes à alguns materiais.
Figura 4: Convenções
de hachuras
Nas superfícies hachuradas
deve-se evitar a indicação de cotas. Se isto não for possível, deve-se
interromper a área hachurada no lugar destinado ao valor da
cota.
Figura 5: Cotas em
vistas secionais
A posição do plano secante
deve ser indicada no objeto secionado ou em uma das vistas por uma linha
espessa do tipo traço e ponto, denominada linha de corte.
Nos extremos da linha de corte são colocadas setas que indicarão o sentido
em que é direcionada a vista secional.
Figura 6: Linha de
corte
Havendo necessidade de
identificação da vista secional e o respectivo plano secante, empregam-se
letras maiúsculas (A,B,C,...) colocadas ao lado das setas, como pode ser
visto na figura a seguir.
Figura 7:
Identificação do corte
Tipos de
Corte
Os cortes podem ser
classificados de acordo com as características do plano secante. O plano
secante pode ser até constituído por um conjunto de planos. As principais
classificações de cortes que serão apresentadas são:
-
Corte Pleno ou
Total
-
Meio Corte
-
Corte Composto
-
Corte Pleno ou
Total
É caracterizado por um plano
secante ao objeto conduzindo-se, geralmente, pelo eixo principal ou pela
linha média do objeto. O plano secante atravessa o objeto de uma
extremidade a outra.
A seqüência a seguir mostra o
plano secante pleno atuando sobre um objeto para gerar a vista
secional.
Figura 8: Corte
pleno
-
Meio
Corte
É geralmente empregado em
objetos simétricos. O plano secante corta o objeto até o seu meio,
limitado pelo eixo de simetria. Desta maneira, apenas metade do objeto é
representado como se fosse uma vista ortográfica normal.
Figura 9: Meio
corte
Figura 10:
Representação de uma vista e do meio corte
-
Corte
Composto
É um caso particular do corte
pleno. O objeto também é totalmente cortado, porém o plano secante é
composto por um conjunto de planos que mudam de direção para mostrar
detalhes situados fora de seu eixo principal.
Figura 11: Corte
composto
Aplicação de Cortes na
Arquitetura e Engenharia Civil
A aplicação mais comum de
cortes na Arquitetura e na Engenharia Civil são as plantas. Para
determinar estas representações, as edificações podem ser secionadas com
planos horizontais (gerando as plantas) ou com planos verticais (gerando
elevações em corte).
No caso das plantas, o plano
secante atravessa a edificação na altura de 1,5 m a partir da referência
do piso, permitindo que, além das paredes, sejam observadas as portas e
janelas, bem como suas características.
A seqüência a seguir mostra
como o plano de corte atua sobre a edificação:
Figura 12: Processo
para gerar uma planta
Conforme apresentamos
anteriormente, quando o plano de corte intercepta algum objeto, deve-se
representar esta intersecção utilizando o seguinte padrão de
hachura:
Figura 13: Hachura da
alvenaria
Quando são feitos cortes em
edificações, representa-se a parede por duas linhas paralelas em geral
hachuradas internamente, veja a figura abaixo:
Figura 14:
Representação da alvenaria em plantas
Nos caso em que devem ser
feitos detalhes que incluam alvenaria, representa-se no desenho a parede e
o revestimento. A primeira, como uma linha mais forte, ou seja, mais
espessa. Para o revestimento, utiliza-se uma linha mais suave, como mostra
a figura a seguir
Figura 15:
Representação de detalhes em plantas
Estas representações também
podem ser aplicadas em cortes de elevações. Estes cortes representam os
diversos níveis de piso existentes na construção sendo utilizados para
demonstrar alturas e medidas verticais, tomando sempre como referência o
nível 0,0 (zero)-piso do terreno onde a edificação está
implantada
Figura 16: Elevação em
corte
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