autor
Roberto Scalco

GERAÇÃO DE PLANTAS E CORTES 

Quando representamos um objeto simples por suas vistas ortográficas principais, não é difícil interpretar sua forma e características. Entretanto, quando seu interior é complicado e repleto de detalhes, a representação deste objeto por vistas ortográficas torna a leitura do desenho difícil pelo grande número de linhas invisíveis (representadas por linhas tracejadas) utilizadas para indicar as arestas e os contornos não visíveis ao observador que está no exterior do objeto.

Nestes casos, deve-se complementar a representação do objeto por suas vistas secionais. Vistas secionais são as obtidas quando supõe-se que a peça foi cortada por um plano secante, convenientemente escolhido, e removida a parte interposta entre este plano e o observador.

 

Figura 1: Corte de um objeto pelo plano secante

Vistas Secionais

Como mencionado, deve-se representar esta nova situação sob a forma de uma projeção planificada, ou seja, utilizar os conceitos apresentados na teoria de projeções para resultar uma imagem bidimensional do novo objeto.

Figura 2: Projeção de um ponto

Essas vistas são classificadas em cortes e seções. A Norma Brasileira NB–8 da ABNT, distingue claramente estas duas categorias:

  • Corte: Registra tanto a interseção do plano secante como a projeção da parte visível desta, situada além deste plano.

  • Seção: Registra tão somente a interseção do plano secante com o objeto.

A figura a seguir exemplifica, para um mesmo objeto, a diferença entre o corte e a seção:

Corte

Seção

Figura 3: Diferença entre corte e seção

Representação de Cortes e Seções

Os cortes e seções devem ser destacadas em relação ao restante do objeto, que estavam atrás do plano secante. A superfície cortada, ou seja, a interseção do plano secante com a peça, deve possuir hachuras. As hachuras são representadas por linhas finas, geralmente inclinadas a 45° em relação à base, e igualmente espaçadas para se obter um desenho uniforme. A figura a seguir mostra as convenções de hachuras referentes à alguns materiais.

Figura 4: Convenções de hachuras

Nas superfícies hachuradas deve-se evitar a indicação de cotas. Se isto não for possível, deve-se interromper a área hachurada no lugar destinado ao valor da cota. 

Figura 5: Cotas em vistas secionais

A posição do plano secante deve ser indicada no objeto secionado ou em uma das vistas por uma linha espessa do tipo traço e ponto, denominada linha de corte. Nos extremos da linha de corte são colocadas setas que indicarão o sentido em que é direcionada a vista secional.

Figura 6: Linha de corte

Havendo necessidade de identificação da vista secional e o respectivo plano secante, empregam-se letras maiúsculas (A,B,C,...) colocadas ao lado das setas, como pode ser visto na figura a seguir.

 

Figura 7: Identificação do corte

Tipos de Corte

Os cortes podem ser classificados de acordo com as características do plano secante. O plano secante pode ser até constituído por um conjunto de planos. As principais classificações de cortes que serão apresentadas são:

  • Corte Pleno ou Total

  • Meio Corte

  • Corte Composto

  1. Corte Pleno ou Total

É caracterizado por um plano secante ao objeto conduzindo-se, geralmente, pelo eixo principal ou pela linha média do objeto. O plano secante atravessa o objeto de uma extremidade a outra.

A seqüência a seguir mostra o plano secante pleno atuando sobre um objeto para gerar a vista secional.

 

Figura 8: Corte pleno 

  1. Meio Corte

É geralmente empregado em objetos simétricos. O plano secante corta o objeto até o seu meio, limitado pelo eixo de simetria. Desta maneira, apenas metade do objeto é representado como se fosse uma vista ortográfica normal.

 

Figura 9: Meio corte

Figura 10: Representação de uma vista e do meio corte

  1. Corte Composto

É um caso particular do corte pleno. O objeto também é totalmente cortado, porém o plano secante é composto por um conjunto de planos que mudam de direção para mostrar detalhes situados fora de seu eixo principal.

Figura 11: Corte composto

Aplicação de Cortes na Arquitetura e Engenharia Civil

A aplicação mais comum de cortes na Arquitetura e na Engenharia Civil são as plantas. Para determinar estas representações, as edificações podem ser secionadas com planos horizontais (gerando as plantas) ou com planos verticais (gerando elevações em corte).

No caso das plantas, o plano secante atravessa a edificação na altura de 1,5 m a partir da referência do piso, permitindo que, além das paredes, sejam observadas as portas e janelas, bem como suas características.

A seqüência a seguir mostra como o plano de corte atua sobre a edificação:

Figura 12: Processo para gerar uma planta

Conforme apresentamos anteriormente, quando o plano de corte intercepta algum objeto, deve-se representar esta intersecção utilizando o seguinte padrão de hachura:

Figura 13: Hachura da alvenaria

Quando são feitos cortes em edificações, representa-se a parede por duas linhas paralelas em geral hachuradas internamente, veja a figura abaixo:

Figura 14: Representação da alvenaria em plantas

Nos caso em que devem ser feitos detalhes que incluam alvenaria, representa-se no desenho a parede e o revestimento. A primeira, como uma linha mais forte, ou seja, mais espessa. Para o revestimento, utiliza-se uma linha mais suave, como mostra a figura a seguir

Figura 15: Representação de detalhes em plantas

Estas representações também podem ser aplicadas em cortes de elevações. Estes cortes representam os diversos níveis de piso existentes na construção sendo utilizados para demonstrar alturas e medidas verticais, tomando sempre como referência o nível 0,0 (zero)-piso do terreno onde a edificação está implantada

Figura 16: Elevação em corte


Relembrando
 

1. Indique qual situação possui a mesma indicação de corte da figura a seguir.

 

 

 

 

 

A- B- C-

2. Considerando o objeto do item anterior, indique qual das alternativas a seguir representa a seção definida pela intersecção do plano de corte com o objeto.

   
A- B- C-

3. Identifique qual das alternativas possui a indicação de corte que gerou a imagem a seguir.

   
 
A- B- C-

4. Considerando o objeto e seus três planos de corte, indique a alternativa que contém às vistas em corte com suas corretas identificações.

 

A-Corte A – C

B-Corte C – C

C-Corte C - C

5. Identifique a alternativa que não possua, dentre os seus elementos, nenhum plano de corte que possa ser classificado como corte pleno.

A-

B-
C-

6. Indique a alternativa cujas hachuras estão representadas mais corretamente, considerando que o desenho está numa escala de 1:50.

A-
B-
C-

7. Observando algumas plantas, notou-se que existe uma linha, localizada na indicação da porta, que separa alguns ambientes no interior da residência. Como deve ser representada esta linha em uma elevação em corte.

A-Uma linha inclinada para unir os dois ambientes de alturas distintas
B-A linha apenas indica a separação dos ambiente, não sendo representada na elevação
C-Um degrau para diferenciar os dois patamares distintos 
 


Desenhando Plantas e Cortes 

Para que o desenho de uma planta baixa ou um corte saia com boa qualidade gráfica é importante tomar alguns cuidados. A seguir é apresentado um passo a passo para permitir o alcançar esta qualidade.

1.Faça traços finos auxiliares definido as linhas gerais

Figura 17: traçados iniciais

2.Faça traços finos definindo principalmente aberturas  (portas, janelas e vãos)

Figura 18: delimitando aberturas

3. Reforce com traços mais grossos, respeitando a hierarquia de linhas

Figura 19: definindo elementos

4.Desenhe os equipamentos e eventuais hachuras

Figura 20: definindo equipamentos e eventuais hachuras

5.Insira as cotas

Figura 21: inserindo cotas 

6.Insira finalmente as outras informações complementares

Figura 22: inserindo informações complementares

Referências

ABNT. Normas para desenho técnico. Porto Alegre, RS : Globo, 1977 332p.

EFB 301 - DESENHO. Apostila de desenho - Primeiro Semestre. São Caetano do Sul, SP : EEM, 2002  118p.

 

 
Tarefa prática 4

 

Utilizando a teoria apresentada, desenhe uma planta e um corte de parte de sua casa respeitando a hierarquia das linhas. Utilize a escala 1:50. (cada m = 2cm) . Não se esqueça de representar a linha do corte na planta.