TOPOGRAFIA, SITUAÇÃO E IMPLANTAÇÃO

 

 
autor
Wladir Dezan
 

1.      Conceito:

Para entendermos os conceitos devemos ter em mente algumas noções:

-   O planeta terra não é plano;

-   Os terrenos não são necessariamente regulares e planos;

-   Para executarmos uma obra em uma área é necessário adaptar o terreno para adequá-lo, planificá-lo em alguns pontos, bem como fazermos as ligações entre estes patamares a fim de que possamos realizar as edificações pretendidas;

-   Para desenvolver um projeto é importante ter-se o levantamento de terreno em suas dimensões (levantamento planimétrico) e em suas alturas internas (levantamentos altimétricos) em seu estado natural;

-   Estas informações devem ser registradas através de desenhos para poder executar um projeto de forma racional e econômica que sejam residências, núcleos habitacionais, conjuntos comerciais, loteamentos, obras viárias, sistemas de água e esgoto, paisagismos, pontes, aeroportos, planejamentos urbanos, etc.

 

            

fig - Paisagens com relevos

fig - Desenho esquemático de um terreno em relevo. 

    

2. Definições

2.1. Levantamento Planimétrico

Nos registros das dimensões e interferências do terreno devem estar marcadas todas as medidas, características e interferências para poderem ser levados em consideração ao se fazer um projeto a saber:

-    Medidas de todas as faces para o fechamento da área;

-    Ângulos dos vértices para o fechamento da área;

-    Localização de árvores, pedras significativas, postes, etc;

-   A posição do Norte Magnético para estar registrado a posição do sol nas diversas horas do dia e a posição dos ventos dominantes;

-   Eixos de coordenadas caso tenha sido feito o levantamento por um topógrafo;

          

fig - Levantamento topográfico de um terreno. 

 

2.2 Levantamento Altimétrico

O registro das diferenças de nível, ou diferentes alturas, ou ainda diferentes distâncias verticais entre postos em um mesmo terreno.

-   Para a melhor compreensão dos desníveis em um terreno, é adotado como base um ponto de referência inicial chamado de Referência de Nível = RN;

-   É comum ser adotado como medida inicial para definição de alturas o nível do mar como ponto zero (0,00). Por isso em alguns desenhos as medidas das diversas alturas levam números relacionados com as alturas que estão do nível do mar. Mas mesmo assim é importante ter definido no terreno a ser trabalhado, um ponto que não será alterado durante a obra para servir como parâmetro inicial – Exemplo: postes e guias da rua.

-   Para melhor compreensão do desenho de um terreno com as suas diversas alturas, observemos os desenhos a seguir, onde foram feitos planos horizontais cortando uma gleba, mostrando todos os pontos que possuem a mesma altura (Cota) com relação a uma Referência de Nível.

Se registrarmos com uma linha todos os pontos de iguais alturas traçaremos o que se chama de Curvas de Nível, que significa que em qualquer ponto desta linha estaremos com a mesma altura com relação a Referência de Nível.

             

fig - Morro cortado em níveis diferentes e sua representação no plano   

 

Nomenclaturas utilizadas:

-   Referência de Nível – ponto de referência ou de partida para se fazer a medição

-   Cotas – números utilizados para definir medidas (no caso de alturas)

-   Curvas de Nível – traço que define os pontos que possuem a mesma altura com relação a uma Referência de Nível

 

3. As Curvas de Nível de um lote

 3.1 Entendendo as curvas de nível em um lote

Tomando-se por base o levantamento de níveis da gleba mostrada, imaginemos o terreno a ser trabalhado uma parte dele:

fig - Desenho de uma gleba

    fig - Desenho do terreno demarcado e ampliado

3.2.  O desenho das Curvas de Nível

-    Como já foi visto, as Curvas de Nível representam as diversas alturas que um terreno possui com relação a um RN (Referência de Nível);

-    A representação das Curvas de Nível segue as seguintes classificações:

    a.  Curvas Mestras:

.Todas as linhas das curvas de nível são múltiplas de 5 a 10 metros;

.São representadas com traços mais grossos e receberão as Cotas (números/medidas).

 b.   Curvas Intermediárias:

.Todas as linhas que marcarão os intervalos das diferentes alturas entre as linha mestras;

        .São representados com traços mais fracos que as linhas mestras.

 

 fig - Desenho do terreno com suas Curvas de Nível

 

4. Interpretação de desenhos de topografia

 Ao se ler um desenho de topografia, deve-se ter a verdadeira interpretação dos desníveis que ocorrem no terreno, entendendo-se como eles ocorrem, se acentuados (como um barranco), se de forma suave (quase planos), se em aclive (se sobem da frente para os fundo), ou ainda em declives (se descem da frente para os fundos).

             

fig -  Fonte: Desenho Arquitetônico – Gildo A. Montenegro - Ed. Edgard Blucher Ltda – 3ª Ed.

 

Exemplos 1 – Curvas de nível mais afastadas demonstram terrenos mais planos:

 

Exemplos 2 – Curvas de nível desenhadas mais próximas significam que em menor distância a altura do terreno é maior:

 Exemplo dos principais acidentes geográficos:

                           

  

 

 


 
Relembrando1
 

1. Quais características básicas do lote podemos ler no desenho?

A- Trata-se de um terreno em declive(desce), com um desnível de aproximadamente 4 metros, uma  vez que o fundo do lote é mais baixo do que a rua.

B- Trata-se de um terreno em aclive(sobe), com um desnível de aproximadamente 3,5 metros, uma  vez que o  fundo do lote é mais alto do que a rua.

C- Trata-se de um terreno bastante acidentado por ter um desnível de 104m

D- Trata-se de um terreno plano.

 

2. No desenho abaixo, pode-se dizer que o lote tem qual desnível?

A- 110 metros

B- 30 metros

C-10 metros

D- 130 metros

 

3. Qual perfil representa a planta topográfica desenhada?

A-

C-

B-

D-

 

4. Qual perfil representa a planta topográfica desenhada?

A-

C-

B-

D-

 


5. Patamarização de Lotes

      -    Para se construído um edifício será necessário que se altere o perfil natural do terreno com o          intuito de deixar partes planas para executar-se a obra.

      -    Os níveis planos a serem criados dependerão do projeto, e para serem coerentes e econômicos,          deverão procurar alterar de forma racional o terreno. Um projetista poderia aterrar todo um lote          ou mesmo retirar toda a terra acima do nível da calçada, porem isto poderá provocar erros tanto          ecológico quanto paisagístico e urbano, dependendo do grau de interferência que se fizer.             

         Vejamos como  ficaria um terreno em situações extremas, levando-se em consideração uma          referência humana:

               

                                             fig - Aterro de todo o lote criando-se um grande muro na calçada.

                   

                                     fig - Corte de todo o lote criando-se um grande muro no fundo do lote.

 

-   Os exemplos acima devem ser utilizados com moderação por se tratarem de soluções mais dispendiosas, onerando a obra.

-   A Existem ainda soluções que procuram acompanhar o desnível natural do terreno, fazendo-se com que as curvas de nível originais sejam relocadas, abrindo espaços planos para a criação de Patamares (espaços planos dentro de um lote).

-    Imaginemos um terreno com a seguinte configuração original:

              

-    Pode-se alterar sua configuração criando patamares intermediários, facilitando a execução de uma obra:

         

 

Obs: Não devemos esquecer que nos terrenos vizinhos as curvas de nível continuam como estavam e para tanto deveremos proteger as divisas para que as terras utilizadas nos aterros ou cortes não caiam em terrenos alheios. Deverão ser tomadas algumas precauções:

  

 

   - A interligação dos patamares entre os lotes, de maneira a facilitar a comunicação e evitar o desmoronamento.  Para isso, podem-se usar alguns artifícios, como:

- Muros de Arrimos:  Muros estruturados que servirão para a contenção do terreno em casos em que sejam necessários cortes                                 horizontais.

- Taludes: . Acabamento dado entre patamares para evitar o deslizamento de terras. As      proporções ou tamanho dos taludes deverão obedecer à proporção de no mínimo 1:1, de maneira que o comprimento dos taludes tenha no mínimo altura igual a do desnível.

- Escadas: . Circulações verticais interligando os patamares.

       Símbolos utilizadas:

       - Nível em Planta  

       

       - Nível em Corte 

             

         - Taludes 

  

 

6. Plantas de Situação e Implantação

 Desenhos mostrando a localização urbana e a situação do edifício no lote, são  importantes. Somados aos demais desenhos, a Situação e a Implantação, possibilitarão uma total compreensão do projeto proposto ou da obra já edificada.

 6.1. Desenho de Situação ou Localização

 - Utilizada normalmente para localizar o lote a ser trabalhado  na cidade/quadra.

 - Este desenho é comumente utilizado em processos de aprovação pelos órgãos públicos (Prefeituras Municipais,           Secretarias Públicas, Bombeiros, etc).

 - São geralmente apresentados em escala reduzida, (1:200) dependendo da extensão do projeto. Sua função é situar o lote na quadra, identificando o seu endereço na malha urbana e a posição do Norte Magnético.

 - No desenho colocam-se: os nomes das ruas, do entorno, e destaca-se a localização do lote com relação às esquinas.

 

                         

 - Utilizado em carimbos dos órgãos públicos com para Prefeituras Municipais.

                                   

6.1. Desenho de Implantação

    ·   Utilizado para demonstrar como o edifício ficará implantado no terreno em relação às divisas do         lote;

·   Aproveita-se este desenho para demonstrar como ficará o terreno após a execução da obra, ou seja:

      - Recuos com relação a rua e divisas

      - Patamares do lote com os taludes, muros de arrimo e escadas externas;

      -  Localização de equipamentos como piscinas, churrasqueiras, edículas em relação à edificação      principal e aos recuos das divisas do lote;

·   É apresentada a posição do Norte Magnético do lote e como ficará a edificação implantada sobre este aspecto, possibilitando-se saber como ficarão os espaços com relação à insolação (nascente-leste, poente-oeste).

·   Utiliza-se ainda neste desenho para demonstrar o esquema de cobertura a ser executado no(s) edifício(s).

                

 

 

Relembrando2

 

5. Quais informações podemos tirar do desenho abaixo representado?

A-Um lote em aclive, com desnível de 10m a partir da calçada. Vê-se que a maior inclinação esta na parte frontal do lote e depois as curvas se afastam determinando um local mais plano.

B- Um lote em declive, com desnível de 110m a partir da calçada. Vê-se que a maior inclinação esta na parte frontal do lote e depois as curvas se afastam determinando um local mais plano.

C- Um lote em aclive, com desnível de 10m a partir da calçada. Vê-se que a maior inclinação esta na parte posterior do lote, junto a divisa do fundo uma vez que as curvas se afastam determinando um local mais acidentado.

D- Um lote em declive, com desnível de 110m a partir da calçada. Vê-se que a maior inclinação esta na parte posterior do lote, junto a divisa do fundo uma vez que as curvas se afastam determinando um local mais acidentado.

 

 
Responda as perguntas a seguir tendo como base o desenho apresentado abaixo:

6. Após ser patamarizado o lote, foi implantado o piso do platô da residência a que altura da rua?

A- 102,50m

B-2,50m

C- No nível intermediário

D- Logo na frente do lote

 

7. Qual das elevações da residência está correta tomando-se por base a implantação do desenho acima?

A-
B-
C-

                D- Não é possível identificar a implantação da unidade.

 
Tarefa prática 11

1. Procure verificar como está o terreno de sua casa. Veja marcando nos muros laterais quais as diferenças de nível que acontece do fundo do lote até a rua. Monte desenhos de Topografia imaginando como era o terreno naturalmente e como ficou após a edificação.

2. Monte um desenho de Localização da sua casa considerando as ruas do entorno. Pegue os dados no mapa do bairro.

3. Monte um Desenho de Implantação da sua casa. Não esquecer de marcar: a. Recuos, b. cobertura da casa, c. muros, taludes e escadas externas, d. posição do Norte (ver sol - nascente leste/poente oeste).