4- MANUTENÇÃO ELETROMECÂNICA
Uma máquina industrial apresentou
um defeito. O operador chamou a manutenção mecânica, que solucionou o problema. Indagado sobre
o tipo de defeito encontrado, o mecânico de manutenção disse
que estava na parte elétrica, mas que ele, como mecânico,
conseguiu resolver. Máquinas eletromecânicas
Máquinas eletromecânicas são combinações de engenhos mecânicos com circuitos elétricos e eletrônicos capazes
de comandá-los. Defeitos nessas máquinas tanto
podem ser puramente mecânicos como
mistos, envolvendo também a parte eletromecânica, ou então puramente
elétricos ou eletrônicos. Com três áreas tecnológicas bem distintas nas máquinas, uma certa divisão
do trabalho de manutenção é necessária. Há empresas que mantém os mecânicos de manutenção, os eletricistas e os
eletrônicos em equipes
separadas. É interessante notar que a boa divisão do trabalho só dá
certo quando as equipes mantem constantes
a troca de informação e ajuda mútua. Para facilitar o diálogo entre as
equipes, é bom que elas conheçam um pouco das outras áreas. Um
técnico eletrônico com noções de mecânica deve decidir bem melhor quanto à
natureza de um defeito do que
aquele desconhecedor da mecânica. O mecânico com alguma base eletrônica tanto pode diferenciar melhor os defeitos como até mesmo resolver alguns
problemas mistos. Conhecimentos
sobre tensão, corrente e resistência elétricas são imprescindíveis para quem
vai fazer manutenção em máquinas eletro mecatrônicas. •
Tensão Elétrica (U) É
a força que alimenta as máquinas. A tensão elétrica é medida em volt (V). As
instalações de alta tensão podem
atingir até 15.000 volts. As mais comuns são as de 110V, 220V e 380V. Pode
ser contínua (a que tem polaridade definida) ou
alternada. •
Corrente elétrica (I) É
o movimento ordenado dos elétrons no interior dos materiais submetidos a
tensões elétricas. A corrente
elétrica é medida em ampère (A). Sem tensão não há corrente, e sem corrente
as máquinas elétricas param. A corrente elétrica pode
ser contínua (CC) ou alternada (CA). •
Resistência Elétrica (R) É
a oposição à passagem de corrente elétrica que todo material oferece. Quanto
mais resistência elétrica, menos
corrente. Máquinas elétricas e componentes eletrônicos sempre apresentam uma resistência
característica. A medida da resistência, cujo valor é expresso em ohm, é um
indicador da funcionalidade das máquinas e de seus componentes. ·
Aparelhos Elétricos Os aparelhos elétricos mais utilizados na manutenção eletromecânica são: voltímetro, amperímetro, ohmímetro, multímetro e
osciloscópio. Os aparelhos elétricos podem ser digitais ou dotados
de ponteiros. Os dotados de ponteiros são chamados de analógicos. •
Voltímetro É utilizado para medir a tensão elétrica tanto contínua (VC) quanto
alternada (VA) •
Amperímetro É utilizado para medir a intensidade da corrente elétrica (CC) e alternada (CA) •
Ohmímetro É utilizado para medir o valor da resistência elétrica •
Multímetro Serve para medir a tensão, a corrente e a resistência elétrica •
Osciloscópio Permite
visualizar gráficos de tensões elétricas variáveis e determinar a frequência
de uma tensão alternada ·
Medidas Elétricas Para
se medir a tensão, a corrente e a resistência elétricas com o uso de
aparelhos elétricos, devem ser
tomadas as seguintes providências: •
Escolher o aparelho com a escala
adequada •
Conectar os fios ao aparelho •
Conectar as pontas de prova em pontos distintos do objeto em análise •
Medida de tensão A
medida de tensão elétrica é feita conectando as pontas de prova do aparelho
aos dois pontos onde a tensão
aparece. Por exemplo, para se medir a tensão elétrica de uma pilha com um
multímetro, escolhe-se uma escala
apropriada para medida de tensão contínua e conecta-se a ponta de prova positiva (geralmente vermelha) ao polo
positivo da pilha, e a ponta negativa (geralmente preta) ao polo negativo. Em
multímetros digitais o valor aparece diretamente no mostrador. Nos
analógicos, deve-se observar o deslocamento do ponteiro sobre
a escala graduada para
se determinar o valor da tensão. Nas medidas de tensão alternada, a polaridade das pontas de prova não se aplica. •
Medida de corrente A
corrente elétrica a ser medida deve passar através do aparelho. Pra isso, interrompe-se o
circuito cuja corrente deseja-se medir: o aparelho entra no circuito,
por meio das duas pontas de prova, como se fosse uma
ponte religando as partes interrompidas. Em sistemas de corrente
contínua, deve-se observar a polaridade das pontas de prova. Em
circuitos de alta corrente, muitas vezes é inconveniente e perigosa a
interrupção do circuito para medições. Em casos assim,
faz-se uma medição
indireta, utilizando-se um modelo de amperímetro,
denominado “alicate”, que abraça o condutor percorrido por corrente. O
aparelho capta o campo eletromagnético existente ao redor
do condutor e indica uma corrente proporcional à intensidade do campo. •
Medida de resistência As
medidas de resistência devem ser feitas, sempre, com o circuito desligado,
para não danificar o aparelho.
Conectam-se as pontas de prova do aparelho aos dois pontos onde se deseja
medir a resistência. O aparelho indica a resistência global do circuito, a partir daqueles dois pontos. Quando
se deseja medir a
resistência de um componente
em particular, deve-se desconectá-lo do circuito. Pane Elétrica Diante
de uma pane elétrica, deve-se verificar primeiramente a alimentação elétrica,
checando a tensão da rede e, depois, os fusíveis. Os
fusíveis são componentes elétricos que devem apresentar baixa resistência à
passagem da corrente elétrica.
Intercalados nos circuitos elétricos, eles possuem a missão de protegê-los
contra as sobrecargas de corrente. De
fato, quando ocorre uma sobrecarga de corrente que ultrapassa o valor da
corrente suportável por um fusível, este “queima”, interrompendo o circuito. Em
vários modelos de fusível, uma simples olhada permite verificar suas
condições. Em outros modelos é necessário
medir a resistência. Em
todos os casos, ao conferir as condições de um fusível, deve-se desligar a
máquina da rede elétrica. Fusível “queimado” pode ser um sintoma de problema mais sério. Por isso, antes
de simplesmente trocar um
fusível, é bom verificar o que ocorreu com a máquina, perguntando, olhando, efetuando outras medições e, se
necessário, pedir auxílio a um profissional especializado na parte elétrica. Resistência, aterramento e continuidade •
Resistência de entrada A resistência elétrica reflete o estado
geral de um sistema. Podemos
medir a resistência geral de uma máquina simplesmente medindo a resistência a
partir dos seus dois pontos
de alimentação. Em máquinas de alimentação trifásica, mede-se a resistência entre cada duas fases por vez. Essa resistência geral é denominada de resistência de entrada
na máquina. Qual
a resistência elétrica de entrada de uma máquina em bom estado? Esta pergunta
não tem resposta direta.
Depende do tipo de máquina,
porém, duas coisas podem ser ditas. •
1. Se a resistência de entrada for zero, a máquina
está em curto-circuito. Isto fatalmente levará à queima de fusível quando ligada. Assim é natural que o curto-circuito
seja removido antes de ligar a máquina. •
Quando
ocorre um curto-circuito, a resistência elétrica do trecho percorrido pela
corrente é muito pequena, considerando que as resistências elétricas dos fios de ligação
são praticamente desprezíveis. Assim, pela lei de Ohm, se
U (tensão) é constante e R (resistência) tende a zero, necessariamente I (corrente) assume valores elevados. Essa corrente é a corrente de curto-circuito. •
Um circuito
em curto pode se aquecer exageradamente e dar início a um incêndio. Para
evitar que isso ocorra, os fusíveis
do circuito devem estar em bom estado para que, tão logo a temperatura do trecho
“em curto” aumente, o filamento
do fusível funda e interrompa a passagem da corrente. •
2. Se a resistência de entrada for muito grande, a
máquina estará com o circuito de alimentação
interrompido e não funcionará até que o defeito seja removido. •
Vimos a importância da medida da resistência na entrada de alimentação elétrica. No caso em que a resistência for zero, podemos dizer
ainda que a máquina está sem isolamento entre os pontos de alimentação. •
Aterramento Instalações elétricas
industriais costumam possuir os fios “fase”, “neutro” e um fio chamado de “protetor elétrico (terra)”. Trata-se de
um fio que de fato é ligado à terra por meio de uma barra de cobre em área especialmente preparada. O
fio neutro origina-se de uma ligação à terra no poste da concessionária de
energia elétrica. A resistência
ideal entre neutro e terra deveria ser zero,
já que o neutro também
se encontra ligado à terra, mas a resistência não é zero. Até
chegar às tomadas, o fio neutro percorre longos caminhos. Aparece uma
resistência entre o neutro e terra,
que todavia não deve ultrapassar 3
ohms, sob pena de o equipamento não funcionar bem. Assim, um teste de resistência entre neutro e terra pode
ser feito com ohmímetro, porém, sempre com a rede desligada. O fio protetor
elétrico (terra) sempre cumpre
uma função de proteção nas instalações. As carcaças dos equipamentos
devem, por norma, ser ligadas ao fio protetor elétrico (terra). Assim a
carcaça terá sempre um nível de tensão
de zero volts, comparado com o chão em que pisamos. Nesse caso, dizemos que a
carcaça está aterrada, isto é, está no mesmo potencial elétrico
que a terra. Opostamente
uma carcaça desaterrada, pode receber tensões elétricas acidentalmente (um
fio desencapado no interior da
máquina pode levar a isto) e machucar pessoas. Por exemplo, se alguém tocar na carcaça e estiver pisando no
chão (terra), fica submetido a uma corrente elétrica (lembre-se de que a corrente circula sempre para o
neutro, isto é, para a terra) levando um choque, que poderá ser fatal,
dependendo da intensidade da corrente e do caminho que
ela faz ao percorrer o corpo. O
isolamento entre a carcaça dos equipamentos e o protetor elétrico (terra)
pode ser verificada medindo-se o valor da
resistência que deve ser zero. Nas residências, é sempre bom manter um sistema de aterramento para
aparelhos como geladeiras, máquinas de lavar e principalmente chuveiros. Um
chuveiro elétrico sem aterramento é uma verdadeira cadeira elétrica. •
Continuidade Outros
problemas simples podem ser descobertos medindo a resistência dos elementos
de um circuito. Por exemplo, por
meio da medida de resistência, podemos descobrir se há mau contato, se existe um fio quebrado ou se há pontos
de oxidação nos elementos de um circuito. Resumindo, para se saber se existe continuidade em uma
ligação, basta medir a resistência entre as duas pontas. Este procedimento é recomendado
sempre que se tratar de percursos não muito longos. |