6.RESISTIVIDADE
6.1 Fatores que
influem no valor da resistência elétrica
Existem alguns fatores que, quando alterados,
modificam o valor da resistência elétrica de um material. Cada material
existente na natureza tem seu átomo característico, ou
seja, o átomo de cada um tem um número de elétrons diferente dos outros
materiais que existem. Em um átomo com poucos elétrons, como o do carbono, os
elétrons que estão na última camada são fortemente atraídos pelo núcleo e têm
grande dificuldade em se deslocarem para outro átomo.
Pode-se observar,
na ilustração a seguir, um átomo de carbono.
Fig. 29 – Átomo de carbono
Em átomos com grande número de elétrons, como os
do cobre, os presentes na última camada são fracamente atraídos pelo núcleo,
tendo pouca dificuldade em se deslocarem para outro átomo.
Observa-se, na
ilustração a seguir, um átomo de cobre
Fig. 30 – Átomo de cobre
Pode-se afirmar, então, que a natureza do material (ou tipo de material)
influi diretamente no valor da resistência, ou seja, mudando-se o material,
altera-se a resistência elétrica. Se forem medidos os valores da resistência de
dois materiais de mesma natureza, Porém com comprimentos diferentes, será
verificado que o de maior comprimento apresenta, também, maior resistência.
Comparativamente, é fácil concluir que um caminho maior é mais difícil
de ser percorrido do que um menor. Conclui-se, então, que o comprimento do
material influi diretamente no valor da resistência, ou seja, quanto maior o
comprimento, maior a resistência e quanto menor o comprimento, menor a
resistência.
As figuras a seguir ilustram uma situação de resistência
de materiais de comprimentos diferentes.
A seção transversal de um material é a área do
mesmo quando cortado transversalmente, conforme demonstra a ilustração a
seguir.
Fig.
32 – Seção transversal de um condutor de cobre
Quanto menor for essa seção, maior será a
dificuldade de os elétrons passarem pelo material, e quanto maior a seção,
menor a dificuldade. Comparativamente, é simples entender que um caminho mais
largo é mais fácil de ser, percorrido do que um mais estreito. Comprova-se,
então, que a seção transversal do material influi inversalmente
no valor da resistência do mesmo, ou seja, quanto maior a seção, menor a resistência
e quanto menor a seção, maior a resistência, conforme demonstra a figura a
seguir.
Fig. 33 – Seção transversal de um condutor de cobre
Dois pedaços de materiais idênticos, porém com temperaturas diferentes,
apresentam valores de resistência também diferentes, e, à medida que a
temperatura de um material aumenta, a sua resistência também aumenta. Daí,
deduz-se que a temperatura de um material influi diretamente no valor da
resistência do mesmo.
Resumindo :
O valor da resistência elétrica de um material
depende de quatro fatores: natureza, comprimento, seção transversal e
temperatura desse material.
6.2 O que é a resistência específica ou resistividade de um
material?
A resistividade de um
material (ou a sua resistência específica) é a resistência ou dificuldade que esse
mesmo material apresenta à passagem de corrente eléctrica num fio com 1 metro de comprimento (1m) e 1 milímetro quadrado de secção (1mm²), a uma determinada temperatura (normalmente a 20ºC).
A resistividade de um material é igual à resistência de um fio
desse material de 1 metro de comprimento por 1 mm² de secção
A resistividade dos diferentes materiais, são portanto
valores que já foram calculados e servem como comparação para sabermos se um ou
outro material, de tamanhos e secções iguais, é mais ou menos condutor, ou
seja, tem uma menor ou maior resistividade, respectivamente.
Resistividade e o aumento ou
diminuição da temperatura:
A resistência dos vários materiais varia consoante a temperatura. Em praticamente todos os materiais (exceto no carbono,
sulfureto de ferro e outros), o material tem maior resistividade quando a
temperatura aumenta e tem menor resistividade quando a temperatura diminui. Por
esta razão, a resistividade dos diferentes materiais mede-se sempre à mesma
temperatura, normalmente a 20 graus centígrados. Convém mencionar que este
aumento ou diminuição da resistência é pouco significativo, na grande parte dos
materiais.
Resistividade de alguns materiais
Cada material tem uma resistividade diferente. Isto quer dizer
que, um material com maior
resistividade deixa passar menos a corrente eléctrica e é por isso menos condutor. Contrariamente, um material com menor resistividade deixa passar melhor a corrente eléctrica, sendo um melhor condutor.
Na tabela abaixo, onde apresentamos a resistividade de alguns materiais condutores (a 20ºC), vemos, por exemplo,
que a resistividade do alumínio é quase o dobro da resistividade do cobre. Com
isto, podemos concluir que o alumínio é menos condutor que o cobre, já que
oferece mais dificuldade à passagem de corrente eléctrica.
Da tabela que
apresentamos, os valores mais importantes são os da resistividade do cobre e a
resistividade do tungsténio, já que são os mais utilizados em electrónica.
Resistividade e condutibilidade:
Na mesma tabela
(acima) apresentamos, além dos valores da resistividade, também os valores da
condutibilidade. Estas duas grandezas são inversas, ou seja, a resistividade é
o inverso da condutibilidade e a condutibilidade o inverso da resistividade.
Para sabermos o valor da resistividade podemos dividir 1 pelo valor da
condutibilidade e se quisermos saber o valor da condutibilidade, dividimos 1
pelo valor da resistividade.
Unidade de medida da Resistividade:
A
resistividade é expressa em ohms por milímetro quadrado de secção e em metros
de comprimento (Ωmm²/m) e a letra que representa a
resistividade é a letra grega ρ (letra grega ró).
Cálculo e fórmula da
Resistência e Resistividade:
Quando conhecemos o comprimento, a secção do material e a
resistividade (consultando a tabela), podemos calcular qual a resistência desse
mesmo material, usando a fórmula:
na fórmula temos várias letras:
·
R representa o valor da resistência
que pretendemos calcular (em ohms)
·
ρ representa o valor da
resistividade do material – tabelado (Ωmm²/m)
·
l representa o comprimento do
material (em metros)
·
S representa a secção do fio (em
milímetros quadrados)
Exemplo prático de como calcular a
resistência de um material:
Se por exemplo,
quisermos calcular a resistência de um fio de cobre, com 30 metros e 2mm²
de secção, sabendo que a resistividade do cobre é igual a 0,0172Ωmm²/m,
fazemos o seguinte:
Temos estes valores
que nos são dados:
·
R = ?
·
ρ =
0,0172Ωmm²/m
·
l = 30m
·
S = 2
Primeiramente, substitui-se todas as letras da
fórmula pelos respectivos valores. Depois é só fazer os cálculos e obtemos o
valor da resistência.
Resposta: O
fio de cobre de 30 metros e 2mm² de secção, tem uma resistência de 0,258Ω.
6.3 Cálculo da resistência
Sabendo-se a resistividade, é possível
determinar a resistência dos materiais através de cálculos, quando não é
possível medi-la. Exemplo:
Qual a
resistência total de um cabo elétrico de alumínio, de 50mm2
de seção transversal, que vai de uma usina até a cidade, tendo um comprimento
de 73km (73 000m)?
Conforme descrito nesta apostila, o valor da resistência
elétrica de um material é diretamente proporcional à natureza e comprimento do
mesmo, e inversamente proporcional à sua seção transversal.
Essa conclusão
pode ser expressa matematicamente assim:
onde:
ρ = resistividade ( Ω.mm2/m)
R = resistência (Ω)
S = seção transversal (mm2 )
Essa fórmula
permite calcular o problema citado como exemplo
Dados:
S = 50mm 2
ℓ= 73 000m
p = 0,030
(alumínio)
6.4 Variação da resistência de acordo com a
variação da temperatura
As resistências da maioria dos bons materiais
condutores aumentam quase que linearmente com a temperatura acima da faixa das
temperaturas normais de operação. Por outro lado, alguns materiais e em
particular os semicondutores comuns - têm resistências que diminuem com o
aumento da temperatura.
Fig. 34 – Variação da resistência em função da temperatura
Esse gráfico mostra que, para uma temperatura
T1, se tem uma resistência R1. Com a acréscimo de temperatura T2,
tem-se, proporcionalmente, uma resistência R2. Se a reta inclinada do gráfico
se estender para a esquerda, ela atravessará o eixo da temperatura a uma
temperatura T0 na qual a resistência parece ser zero. Esta temperatura To é a temperatura da resistência a zero grau inferida. Se To é conhecida e se a resistência R1 em outra temperatura
T1 é conhecida, então a resistência R2 em outra temperatura T2 é, partindo da
geometria de linha reta:
R1 e R2 = resistências
em ohms (inicial e final)
T1 e T2 = temperaturas em graus centígrados
(iniciai e final). Geral mente, T1 = 20"C
To=
temperatura negativa, que produz no material (conforme tabela a seguir) uma
resistência de zero ohm (inferida). Temperatura da resistência a oC
(To)
Exemplo: Quando 12OV são aplicados sobre uma determinada
lâmpada. Passa-se uma corrente de O.5A. Aumentando a temperatura do filamento
de tungstênio para 2600OC. Qual é a resistência da lâmpada à temperatura
ambiente normal de 200C?
E, visto que, na tabela, To
para o tungstênio é -202OC, então a resistência a 200C
é:
6.5 Classificação
dos materiais
É grande a importância da resistividade dos materiais no trabalho com a eletricidade
desde a sua geração até o consumo, passando pelo transporte.
Os materiais empregados nessas diversas fases
precisam ter índices de resistividade adequados a cada situação. De acordo com
esses índices, os materiais existentes na natureza são classificados em quatro
grupos: condutores, resistores, isolantes e semicondutores.
6.5.1 Condutores
Alguns materiais são formados por átomos que
possuem grande número de elétrons e, por isso, os da última camada podem-se
deslocar com relativa facilidade. Esses
materiais são chamados condutores.Condutores são,
pois, materiais que facilitam a passagem da corrente elétrica.
Os melhores condutores elétricos são, pela
ordem, o ouro, a prata, o cobre e o alumínio.
O ouro, embora sendo o melhor condutor, tem sua
aplicação limitada a componentes de equipamentos elétricos de alta precisão e
componentes de circuitos eletrônicos, devido ao seu alto custo.
A prata, apesar de boa condutora, também tem um
custo elevado e, por isto, é utilizada apenas em situações que exijam pequenas
quantidades, como, por exemplo, para recobrir contatos de chaves elétricas,
O cobre, terceiro melhor condutor, é o mais
utilizado, por ser relativamente barato e por ser um material bastante
flexível, ou seja, pode ser dobrado e curvado sem danificar-se. É empregado na
fabricação de fios para redes elétricas prediais, na fabricação de geradores e
motores elétricos, etc.
O alumínio tem sua principal aplicação nas linhas de transmissão de energia
das usinas geradoras até as cidades e nas redes de distribuição dentro destas,
porque é mais barato e bem mais leve que o cobre, exigindo torres e postes
menos reforçados, o que diminui ainda mais o custo.
No entanto, não existem condutores elétricos
perfeitos. Mesmo o ouro apresenta alguma resistividade.
Histórico e
aplicações da supercondutividade
Teoricamente, a supercondutividade permitiria o uso mais eficiente da
energia elétrica. O fenômeno surge após determinada temperatura de transição, que
varia de acordo com o material utilizado. O holandês Heike
Kamerlingh-Onnes fez a demonstração da
supercondutividade na Universidade de Leiden, em 1911. Para produzir a
temperatura necessária, usou hélio líquido. O material foi mercúrio, abaixo de
-268,8º C. Até 1986, a temperatura mais elevada em que um material se
comportara como supercondutor foi apresentada por um composto de
germânio-nióbio; temperatura de transição: -249,8º C. Para isso também fora
usado hélio líquido, material caro e pouco eficiente, o que impede seu uso em
tecnologias que procurem explorar o fenômeno. A partir de 1986, várias
descobertas mostraram que cerâmicas feitas com óxidos de certos elementos, como
bário ou lantânio, tornaram-se supercondutoras a temperaturas bem mais altas,
que permitiriam usar como refrigerante o nitrogênio líquido, a uma temperatura
de -196º C.
As aplicações são várias, embora ainda não
tenham revolucionado a eletrônica ou a eletricidade, como previsto pelos
entusiastas. Têm sido usados em pesquisas para criar eletromagnetos capazes de
gerar grandes campos magnéticos sem perda de energia ou em equipamentos que
medem a corrente elétrica com precisão. Podem ter aplicações em computadores
mais rápidos, reatores de fusão nuclear com energia praticamente ilimitada,
trens que levitam e a diminuição na perda de energia elétrica nas transmissões.
6.5.2 Resistores
Existem materiais que dificultam a passagem da corrente elétrica a ponto
de se aquecerem transformando energia elétrica em energia térmica. São chamados
de resistores.
Logo, resistores
são materiais que dificultam a passagem de corrente elétrica.
Os resistores são muito utilizados na produção
de luz e calor, sendo os mais comuns o tungstênio, o níquel-cromo e a constantã.
O tungstênio tem maior emprego na fabricação de
filamentos de lâmpadas incandescentes (comuns).
O níquel-cromo é utilizado na confecção de
resistências de eletrodomésticos como chuveiros, ferros de passar, fogões
elétricos, etc.
A constantã é usada para
confeccionar resistências de grande porte, como as utilizadas em fornos e
estufas industriais.
6.5.3 Isolantes
Alguns materiais são formados por átomos que possuem poucos elétrons e,
por isso, os da última camada são fortemente atraídos pelo núcleo. Esses
materiais impedem a passagem da corrente elétrica e são chamados isolantes.
Portanto, isolantes são materiais que não permitem a passagem da
corrente elétrica.
Na definição de isolantes, o termo "não permitem" está
colocado entre aspas porque, na realidade, não existe isolante perfeito. Por
melhor que seja o isolante, haverá sempre alguma condutividade.
Os isolantes mais utilizados em eletricidade são o plástico, a borracha,
a baquelita. a Porcelana e a mica.
O plástico é empregado no isolamento de fios condutores, na fabricação
do corpo de tomadas e interruptores, na carcaça de eletrodomésticos, etc.
A maior utilização da borracha em eletricidade é
na fabricação de isolamento de condutores.
A baquelita é empregada na confecção do corpo de
interruptores, tornadas, base e corpo de chaves.
A porcelana é utilizada na fabricação de clites, roldanas, fusíveis, corpo de tomadas.
A mica é empregada, como isolante elétrico, em
lugares com temperaturas altas como, por exemplo, nos ferros de passar, de soldar,
etc
6.5.4
Semicondutores e diodos
Ainda não foi identificado, na natureza, um
elemento (substância pura) que apresente a propriedade de permitir a passagem
da corrente elétrica em apenas um sentido.
Alguns elementos como o germânio e o silício são modificados através da
edição, em sua estrutura molecular, de átomos de fósforo, antimônio ou
arsênico, o que faz com que a mistura apresente alguns átomos com elétrons em
excesso. Tais elementos são chamados semicondutores.
Adicionando, ao elemento semicondutor, átomos de
impurezas - tais como o alumínio, o boro e o índio -, é Possível obter-se uma
mistura que apresente alguns átomos com falta de elétrons. Fazendo-se a junção
física dessas duas substâncias compostas e diferentes, obtém-se um componente
eletrônico chamado diodo semicondutor, que é capaz de conduzir a corrente
elétrica em um único sentido.
Portanto, semicondutores são substâncias que,
modificadas através da adição de impurezas e unidas fisicamente, formam os
diodos semicondutores, elementos eletrônicos capazes de permitir o fluxo em
sentido único da corrente elétrica.