TRANSÍSTORES
BIPOLARES (III)
7.2. A Recta de
Carga (EC)
Polarização
de Base
O circuito da figura
abaixo é um exemplo de
polarização de base,
isto é, estabelecer um
valor constante para a
corrente de base.
Isto mesmo que mudemos o
transístor e a
temperatura se altere.
Por exemplo, se RB
for de 1MΩ IB será de
14,3 μA.
Se βDC = 100, a corrente
de colector será 1,43 mA
e
VCE= VCC – IC.RC = 15 V
– (1,43 mA) . (3 kΩ) =
10,7 V
Portanto, o chamado
ponto quiescente (Q)
(quieto) ou de
funcionamento em repouso
(PFR) será:
IC = 1,43 mA e VCE =
10,7 V
Solução
gráfica
O PFR também poderá
ser obtido de forma
gráfica, se tivermos a
característica de saída
do transístor, usando a
chamada recta de carga,
como se mostra na figura
seguinte.
VCE = VCC – RC.IC
logo,
VCC – VCE
IC = —————- (*)
RC
A recta de carga é
obtida representando
esta equação sobre a
característica de saída
do transístor.
Chama-se recta de
carga porque representa
o efeito da carga (RC)
em IC e VCE.
A maneira mais fácil de
a traçar é usar os dois
pontos extremos
VCE=0 –> tiramos IC =
5mA
IC=0 –> tiramos VCE =
15V
da equação anterior (*)
e, esses dois pontos
serão suficientes para
definir a recta.
A utilidade
da recta de carga
A recta de carga é
útil porque contém todos
os pontos de trabalho
possíveis para o
circuito: variando IB de
0 a infinito, o
transístor percorrerá
todos os pontos da recta
de carga.
Ponto de
Saturação
Quando a RB é
demasiado pequena, há
excesso de corrente no
colector e a VCE tende
para zero. Neste caso
dizemos que o transístor
satura, o que significa
que a corrente de
colector atingiu o seu
máximo valor possível.
O ponto de saturação é o
ponto em que a recta de
carga corta a zona de
saturação das curvas de
saída, isto é, no seu
extremo superior.
Iremos tomar esse valor
como aproximação, isto
é, no nosso caso, IC=5
mA e VCE = 0, isto é,
como que haverá um
“curto-circuito”
(imaginário) entre o
colector e o emissor,
pelo que ficamos com:
Icsat=VCC / RC
Ponto de
Corte
O ponto de corte é o
ponto é o ponto em que a
recta de carga corta a
zona de corte das curvas
de saída, no extremo
inferior (IC muito
pequena)
Este ponto indica a
tensão máxima que VCE
consegue atingir.
Por aproximação vamos
fazer IC=0 –> VCEcorte =
VCC
Neste caso entre o
colector e o emissor
existe um circuito
aberto imaginário.
Exemplo 1:
Quais são as
correntes de saturação e
a tensão de corte na
figura:
Solução
Imagine-se um
curto-circuito entre o
colector e o emissor.
Então:
Vcsat = 30 V / 3 kΩ =
10mA
Imagine-se agora os
terminais
colector-emissor em
aberto. Então:
VCEcorte=30V
Exemplo 2:
Calcule os valores de
saturação e corte para a
figura seguinte.
Desenhe as rectas de
carga para este exemplo
e o anterior
Solução
Com um curto-circuito
imaginário entre o
colector e o emissor:
ICsat = 9V/3kΩ = 3mA
Agora, com um circuito
aberto imaginário entre
o colector e o emissor:
VCEcorte = 9V
Podemos então desenhar
as duas rectas de carga.
Exercício 1:
Quais são a corrente
de saturação e a tensão
de corte na figura
seguinte:
Exercício 2:
Calcule os valores de
saturação e corte para a
figura seguinte. Depois
desenhe as rectas de
carga deste e do
exercício anterior e
compare-as.
- conclusão: quanto
menor for RC, mais
inclinada é a recta de
carga.
7.3. O Ponto
de Trabalho
Exemplo da figura
seguinte
Depois de traçar a recta
de carga, como já
aprendemos, podemos
calcular IB.
Imaginemos, por agora, o
transístor ideal –> VBE
= 0V
Então:
IB = 15 V / 500 kΩ =
30 μA
Se o ganho de corrente
for, por exemplo,
βDC=100, teremos:
IC = 100 . (30 μA) = 3
mA
Esta corrente, ao
circular pelos 3 kΩ,
produz uma tensão de 9V
na resistência de
colector, pelo que:
VCE = 15 V – (3 mA) . (3
kΩ) = 6 V
Marcando estes pontos de
IC e VCE no gráfico,
ficamos com o ponto Q.
Porque é que o ponto
Q varia?
Se IB é constante e, de
fábrica, os βDC podem
variar muito para o
mesmo modelo, corremos o
risco de o transístor
entrar em corte ou
saturação.
A figura anterior
representa o caso em que
βDC é de 50 (QL) e 150
(QH) em vez dos 100 de
catálogo, o que é
perfeitamente possível.
Conclusão: A polarização
de base é muito sensível
ao ganho de corrente do
transístor (βDC) e este
é muito variável mesmo
para o mesmo modelo.
As fórmulas:
As fórmulas para
calcular o ponto Q são
as seguintes:
VBB – VBE
IB = ——————-
RB
IC = βDC . IB
VCE = VCC – RC. IC
Exemplo 1:
Suponha que a
resistência de base na
figura (**) aumenta até
1MΩ. Que sucede com a
tensão colector-emissor
se βDC valer 100?
Solução:
Continuando a
considerar, a corrente
de base diminuirá até 15
μA, a corrente de
colector diminuirá até
1,5 mA e a tensão
colector-emissor
aumentará até
VCE = 15 – (1,5 mA) . (3
kΩ) = 10,5 V
7.6.
Polarização de Emissor
É a usada quando se
pretende usar o
transístor como
amplificador, devido aos
problemas que vimos com
a polarização de base,
pois esta polarização de
emissor consegue aquilo
que os amplificadores
precisam: um ponto de
funcionamento em repouso
(Q) constante, mesmo
perante a grande
variação de βDC dos
transístores do mesmo
modelo fabricados em
série.
Ideia Básica
A fonte de
polarização de base
aplica-se directamente à
base.
O emissor não ficará
directamente ligado à
massa mas sim através de
uma resistência de
emissor RE.
Assim, VE = VBB – VBE
Como achar o ponto Q
Vejamos o exemplo da
figura seguinte
VE = 5 V – 0,7 V =
4,3 V
usando a lei de ohm para
calcular a corrente de
emissor:
4,3 V
IE = ———— = 1,95 mA
2,2 kΩ
Isto supõe que, em
muito boa aproximação,
IC = IE
Quando IC circula por RC
produz uma queda de
tensão de 1,95V, pelo
que:
VC = 15 – (1,95 mA) . (
1 kΩ) = 13,1 V
e
VCE = 13,1 V – 4,3 V =
8,8V
Assim, o Q terá como
terá como coordenadas:
IC = 1,95 mA e VCE = 8,8
V
O circuito é imune às
alterações do ganho de
corrente
Vejamos agora de onde
vem a importância da
polarização de emissor e
como imobiliza Q face a
variações de βDC
Vejamos os passos que
aplicámos para calcular
Q:
. Obter a tensão de
emissor
. Calcular a corrente de
emissor
. Achar a corrente de
colector
. Calcular VCE
Em nenhum ponto houve
necessidade de usar βDC
no processo, ao
contrário da polarização
de base (confirme
atrás).
A corrente fixa agora é
IE (quase igual a IC),
ao contrário da
polarização de base em
que a corrente fixa era
a de base e IC = βDC .
IB
Exemplo 1:
Qual é a tensão entre
o colector e a terra na
figura seguinte?
E entre o colector e o
emissor?
Solução:
A tensão de base é de
5V. A tensão de emissor
é 0,7 V menor que ela, o
que quer dizer que é
VE = 5 V – 0,7 V = 4,3 V
esta tensão está aos
extremos da resistência
de emissor, que agora é
de 1 kΩ. Portanto, a
corrente de emissor é
IE = 4,3 V / 1 kΩ = 4,3
mA
A corrente de colector é
aproximadamente igual a
4,3 mA. Quando esta
corrente circula pela
resistência de colector
(neste caso de 2 kΩ)
produz uma tensão de
IC . RC = (4,3 mA) . (2
kΩ) = 8,6 V
e então
VC = 15 V – 8,6 V = 6,4
V e
VCE = 6,4 V – 4,3 V =
2,1 V
Questões:
1. O ganho de
corrente de um
transístor define-se
como a relação entre a
corrente de colector e:
a) A corrente de base
b) A corrente de emissor
c) A corrente da fonte
de alimentação
d) A corrente de
colector
2. Se a resistência
de base diminuir, a
tensão de colector
provavelmente:
a) Diminuirá
b) Não muda
c) Aumenta
d) Qualquer das opções
anteriores
3. Se a resistência
de base é muito pequena,
o transístor funcionará
na zona:
a) De corte
b) Activa
c) De saturação
d) De ruptura
4. Sobre uma recta de
carga mostram-se três
pontos Q diferentes. O
ponto Q superior tem:
a) Ganho de corrente
mínimo
b) Ganho de corrente
intermédio
c) Ganho de corrente
máximo
d) A corrente de
colector em corte
5. Se um transístor
estiver a funcionar na
parte central da recta
de carga, um aumento da
resistência de base fará
com que o ponto Q se
mova:
a) Para baixo
b) Para cima
c) Fica inalterado
d) Para fora da recta de
carga
6. Se o transístor
estiver a funcionar na
parte central da recta
de carga, um aumento no
ganho de corrente fará
com que o ponto Q se
mova:
a) Para baixo
b) Para cima
c) Fica inalterado
d) Para fora da recta de
carga
7. Se a tensão da
fonte de base aumentar,
o ponto Q move-se:
a) Para baixo
b) Para cima
c) Fica inalterado
d) Para fora da recta de
carga
8. Suponha que a
resistência de base está
em aberto. Então o ponto
Q situa-se:
a) Na parte central da
recta de carga
b) No extremo superior
da recta de carga
c) No extremo inferior
da recta de carga
d) Fora da recta de
carga
9. Se a tensão da
fonte de alimentação de
polarização de base se
desligar, a tensão
colector-emissor será
igual a:
a) 0 V
b) 6 V
c) 10,5 V
d) À tensão da fonte de
colector
10. Se a resistência
de base entrar em
curto-circuito, o
transístor provavelmente
a) Saturará
b) Entrará em corte
c) Destruir-se-à
d) Nenhuma das
anteriores
11. Se a resistência
de colector diminuir até
0 num circuito com
polarização de base, a
recta de carga será:
a) Horizontal
b) Vertical
c) Inútil
d) Plana
12. Suponha que a
corrente de colector é
de 10 mA. Se o ganho de
corrente for de 100, a
corrente de base será:
a) 1 μA
b) 10 μA
c) 100 μA
d) 1 mA
13. Suponha que a
corrente de base é de 50
μA. Se o ganho de
corrente for de 125, o
valor da corrente de
colector é
aproximadamente de:
a) 40 μA
b) 500 μA
c) 1 mA
d) 6 mA
14. Se o ponto Q se
deslocar ao longo da
recta de carga, a tensão
aumenta quando a
corrente
a) Diminui
b) Não muda
c) Aumenta
d) Não sucede nada do
que foi dito
anteriormente
15. Um circuito em
que a corrente de
emissor é constante,
designa-se de:
a) Polarização de base
b) Polarização de
emissor
c) Polarização de
transístor
d) Polarização com duas
fontes
16. O primeiro passo
para a análise dos
circuitos com
polarização de emissor
consiste em determinar:
a) A corrente de base
b) A tensão de emissor
c) A corrente de emissor
d) A corrente de
colector
17. Num circuito com
polarização de emissor,
se o ganho de corrente
for desconhecido, o que
não se conseguirá
calcular é:
a) A tensão de emissor
b) A corrente de emissor
c) A corrente de
colector
d) A corrente de base
18. Se a resistência
de emissor estiver em
aberto, a tensão de
colector:
a) Está no nível alto
b) Está no nível baixo
c) Não muda
d) É desconhecida
19. Se a resistência
de colector estiver em
aberto, a tensão de
colector:
a) Está no nível alto
b) Está no nível baixo
c) Não muda
d) É desconhecida
20. Se o ganho de
corrente aumenta de 50
para 300 num circuito
com polarização de
emissor, então a
corrente de colector:
a) Mantém-se quase no
mesmo valor
b) Diminui 6 vezes
c) Aumenta 6 vezes
d) É zero
Problemas:
1. Desenhe a recta de
carga para a figura a)
Qual é a corrente de
colector no ponto de
saturação?
E a tensão
colector-emissor no
ponto de corte?
2. Se a fonte de
tensão de colector se
reduzir para 10 V na
figura a) que sucede à
recta de carga?
3. Se a resistência
de colector se reduzir a
1 kΩ na figura a) que
sucede à recta de carga?
4. Se a resistência
de base na figura a)
duplicar, que sucede à
recta de carga?
5. Desenhe a recta de
carga para a figura b
Qual é a corrente de
colector no ponto de
saturação?
E a tensão
colector-emissor no
ponto de corte?
6. Se a tensão da
fonte de colector
duplicar na figura b),
que sucede à recta de
carga?
7. Se a resistência
de colector aumenta para
1 kΩ na figura b), que
sucede à recta de carga?
8. Na figura a) qual
é a tensão entre o
colector e a massa se o
ganho de corrente valer
100?
9. O ganho de
corrente flutua entre 25
e 300 na figura a). Qual
é o valor mínimo da
tensão de colector?
E o valor máximo?
10. Qual é a tensão
de colector na figura
a)?
E a tensão de emissor?
11. Se a resistência
de emissor duplicar na
figura a), qual será a
tensão de
colector-emissor?
12. Se a tensão da
fonte de colector
diminuir para 15 V na
figura a) qual é a
tensão de colector?
13. Qual é a tensão
de colector na figura
b), se VBB=2V?
14. Se a resistência
de emissor duplicar na
figura b), qual é a
tensão de
colector-emissor para
uma tensão da fonte de
base de 2,3 V?
15. Se a tensão da fonte
de colector aumentar até
15 V na figura b), qual
é a tensão
colector-emissor para
VBB = 1,8V