RESISTORES
Especificação técnica dos resistores
Definição
Um resistor é um dispositivo elétrico muito utilizado em eletrônica,
com a finalidade de limitar a passagem de corrente elétrica. Transformam energia
elétrica em energia térmica (efeito joule), a partir do material empregado,
que pode ser por exemplo carbono. Um resistor ideal é um componente com uma
resistência elétrica que permanece constante independentemente da tensão ou
corrente elétrica que circular pelo dispositivo, assim como da temperatura
ambiente e de seu corpo.
Os resistores podem ser fixos ou variáveis. Neste caso são chamados de
potenciômetros ou reostatos. O valor nominal é alterado ao girar um eixo ou
deslizar uma alavanca.
Alguns resistores são longos e finos, com o material resistivo colocado
ao centro, e um terminal metálico ligado em cada extremidade. Este tipo de
encapsulamento é chamado de encapsulamento axial. A foto mostra os resistores
em uma tira geralmente usados para a pré-formatação dos terminais. Resistores
usados em placas eletrônicas de computadores e outros dispositivos são
tipicamente muito menores, frequentemente são utilizadas tecnologias de
montagem em superfície (Surfacemount technology), ou SMT, esse tipo de
resistor não tem terminal axial de metal.
Na prática, os resistores são utilizados basicamente para limitar a
intensidade de corrente elétrica através de determinados componentes ou
circuitos ou ainda para gerar divisões de tensão, através da associação de
mais de um resistor no circuito.
A unidade de resistência elétrica é o OHM, que é representado pela
letra grega ômega “ Ω “.
Resistência e Lei de OHM
A unidade de medida de um resistor é a resistência, que serve como
relação entre tensão e corrente. É medida em ohms, uma unidade do SI. Um
componente tem uma resistência de 1 ohm se uma voltagem de 1 volt no
componente fazer com que percorra, pelo mesmo, uma corrente de 1 ampere.
Qualquer objeto físico, de qualquer material é um tipo de resistor. A maioria
dos metais são materiais condutores, e opõe baixa resistência ao fluxo de
corrente elétrica. O corpo humano, um pedaço de plástico, os líquidos têm uma
resistência que pode ser mensurada. Materiais que possuem resistência muito
alta são chamados isolantes ou isoladores.
A relação entre tensão, corrente e resistência, através de um objeto é
dada por uma simples equação, a Lei de Ohm:
V = R . I
Onde: V =
tensão em volts (V)
R = resistência em ohms (Ω)
I = corrente em amperes (A)
Se V e I tiverem uma relação linear -- isto é, R é constante -- ao
longo de uma gama de valores, o material do objeto por onde está fluindo esta
corrente elétrica é chamado de ohmico. Um resistor ideal tem uma resistência
fixa ao longo de todas as frequências e amplitudes de tensão e corrente.
Especificação Técnica de Resistores
As
especificações técnicas de um resistor são:
• Valor nominal da resistência [Ohm]
• Tolerância [%] (indica a diferença máxima (+/-) entre o valor
nominal e o valor real da resistência)
• Potência de dissipação nominal [W]
• Diagrama de potência-temperatura
• Coeficiente de temperatura
• Tensão máxima nominal [V]
• Tensão de ruído
• Coeficiente de tensão
• Característica resistência-frequência
As três primeiras são as fundamentais e sempre indicadas pelo
fabricante.
Tipos de Resistores
> Resistores de Filme de Carbono
São resistores de “uso geral” na eletrônica, principalmente por seu custo
mais baixo. É empregado um filme de carbono em sua construção, como elemento
de oposição à passagem da corrente elétrica. Possuem tolerância típica de
±5%, potência de dissipação típicas de 1/8W, 1/4W e 1/2W. Como desvantagem,
são tendenciosos a serem eletricamente ruidosos em circuitos analógicos
críticos, que demandem uma elevada estabilidade dos sinais elétricos.
> Resistores de Filme Metálico
Possuem
uma precisão bastante superior aos resistores de filme de carbono. São
utilizados quando são desejáveis baixas tolerâncias e alta estabilidade em
relação à ruídos, como em circuitos analógicos de baixo ruído para sinais
elétricos extremamente baixos. Possuem tolerâncias típicas de ±0.05% ou ±1% e
potências de dissipação típicas de 1/8W, 1/4W e 1/2W.
São essencialmente constituídos de uma fina camada de liga metálica
sobre uma superfície placa ou cilíndrica de cerâmica ou outro substrato
isolante.
> Resistores de Fio (potência)
Resistores
de fio possuem baixo ruído, boa estabilidade com temperatura e alta potência
de dissipação, da ordem de 1 a 250W, o que o torna bastante útil em circuito
de maior potência.
São constituídos basicamente de um fio metálico com resistência elétrica
conhecida e controlada, que é enrolado sobre um tubo cerâmico ou de fibra de
vidro. Por terem esta forma construtiva semelhante a uma bobina (indutor),
possuem a desvantagem de apresentar uma certa indutância indesejável, o que o
torna inviável para circuitos que operem com sinais elétricos de alta
frequência.
Existem ainda resistores de fio em um invólucro cerâmico, reforçados
com um substrato especial - “cement”. Possuem faixas de potência que partem
de 1 ou 2W até dezenas de Watts. Tornam-se extremamente quentes quando
utilizados em altas potências.
> Redes
Resistivas (“Single-In-Line (SIL) resistor network”)
Consistem de um número de resistores
de filme metálico ou similares, normalmenmente com mesmos valores de
resistência, encapsulados em um módulo único, apropriado para montagem em
circuito impresso. São muito utilizados em equipamentos eletrônicos com
tecnologia digital.
> Resistores Variáveis
O
resistor variável é um resistor cujos valores podem ser ajustados por um
movimento mecânico, por exemplo, rodando com a mão. Podem ser dos baratos, de
volta simples, ou de múltiplas voltas com um elemento helicoidal.
Reostato: é um
resistor variável com dois terminais, sendo um fixo e o outro deslizante.
Geralmente são utilizados com altas correntes.
Potenciômetro: É um tipo de resistor variável comum, sendo comumente utilizado
para controlar, por exemplo, o volume em amplificadores de áudio. Existem as
versões com excursão linear e logarítmica de resistência.
Trimpot: semelhante,
e muitos vezes sinônimo de potenciômetro, porém este termo refere-se mais a
resistores variáveis onde o ajuste normalmente é realizado com a ajuda de uma
pequena chave de fenda. Tradicionalmente, resistores variáveis não são
plenamente confiáveis, porque o fio ou o metal em contato com suas partes
móveis podem se corroer ou se desgastar. Alguns resistores variáveis modernos
usam materiais plásticos que não corroem.
> Termistores,
São resistores cujo valor de resistência é dependente da temperatura.
Existem basicamente dois tipos de termistores:
PTC (do inglês Positive Temperature Coefficient)
- É um resistor dependente de temperatura com coeficiente de temperatura
positivo. Quando a temperatura se eleva, a resistência do PTC aumenta. PTCs
são frequentemente encontrados em televisores, em série com a bobina
desmagnetizadora, onde são usados para prover uma curta rajada de corrente na
bobina quando o aparelho é ligado.
Uma versão especializada de PTC é o polyswitch que age como um fusível
auto-rearmável, muito utilizado atualmente em
circuitos
eletrônicos.
NTC (do inglês Negative Temperature Coefficient) -
Também é um resistor dependente da temperatura, mas com coeficiente negativo.
Quando a temperatura sobe, sua resistência cai. NTC são frequentemente usados
em detectores simples de temperaturas, e instrumentos de medidas.
Conforme a curva característica presente na folha de dados (data-sheet)
do termistor, o seu valor de resistência pode diminuir ou aumentar em maior
ou menor grau em uma determinada faixa de temperatura, isto é, eles não são
lineares.
> LDRs
LDR (do inglês Light Dependent Resistor ou em português Resistor
Variável Conforme Incidência De Luz) é um tipo de resistorcuja resistência varia
conforme a intensidade de radiação eletromagnética do espectro visível que
incide sobre ele.
Um LDR
é um transdutor de entrada (sensor) que converte a (luz) em valores de
resistência. É feito de sulfeto de cádmio (CdS) ou seleneto de cádmio (CdSe).
Sua resistência diminui quando a luz é muito alta, e quando a luz é baixa, a
resistência no LDR aumenta.
Valores
de resistência típicos para um LDR padrão:
•
Escuridão : resistência máxima, geralmente acima de 1M ohms.
• Luz
muito brilhante : resistência mínima, aproximadamente 100 ohms.
O LDR é muito frequentemente utilizado nas chamadas fotocélulas que
controlam o acendimento de luzes em postes de iluminação e luzes em
residencias.
Valores Padrões de Resistores:
Convenções de Notação: Para simplificar a representação de resistores de
altos valores, principalmente no desenho de circuitos eletrônicos, as
abreviações “K” e “M” são utilizadas respectivamente para representar
milhares e milhões. A abreviação “R”, para manter o padrão, é utilizada para
representar zero (ou seja o próprio valor numérico citado). Estas três letras
são ainda colocadas no lugar do ponto decimal, para facilitar a visualização.
Abaixo
alguns exemplos:
10R -
10 ohms
10K -
10.000 ohms ou 10K ohms
10M -
10.000.000 ohms ou 10M ohms
1R2 -
1,2 ohms
1K2 -
1.200 ohms ou 1,2K ohms
2M2 -
2.200.000 ohms ou 2,2M ohms
Séries padrões para resistores:
Os
resistores são fabricados em valores que seguem uma série padrão. Assim,
existem algumas series com valores básicos pré-definidos que vão sendo multiplicados
e formando a gama possível de valores para resistores comerciais.
Série E12
Série
mais comumente utilizada em resistores que possuem identificação por 4 faixas
coloridas em seu corpo. Os valores da série se originam de 12 multiplicadores
básicos, que são: 1.0, 1.2, 1.5, 1.8, 2.2, 2.7, 3.3, 3.9, 4.7, 5.6, 6.8 e
8.2.
Série E24
Série mais comumente utilizada em resistores que possuem identificação
por 5 faixas coloridas em seu corpo. Os valores da série se originam de 24
multiplicadores básicos, que são: 1.0, 1.1, 1.2, 1.3, 1.5, 1.6, 1.8, 2.0,
2.2, 2.4, 2.7, 3.0, 3.3, 3.6, 3.9, 4.3, 4.7, 5.1, 5.6, 6.2, 6.8, 7.5, 8.2 e
9.1.
Há ainda as séries E48 e E96, com ainda mais gamas de valores
intermediários. No entanto, estas séries são menos ofertadas pelos
fabricantes e normalmente são aplicadas em resistores com baixíssimas
tolerâncias.
Código de Cores
Resistores possuem seus valores de resistência e tolerância normalmente
identificados por um código de cores. A representação poderá ser por um
conjunto de 4, 5 ou 6 faixas coloridas, sendo que as ilustrações abaixo
demonstram a função de cada uma para o caso de 4 e 5 faixas. No caso de
resistores com 6 faixas coloridas, utiliza-se a mesma seqüência para o
resistor com 5 faixas, sendo que a 6ª faixa é utilizada para representar o
coeficiente de temperatura do resistor.
O mais comum são os resistores com códigos de 4 faixas (uso geral) e 5
faixas (precisão).
As tabelas a seguir auxiliam na identificação dos valores de
resistência nominal dos resistores, assim como de sua tolerância. Consiste de
faixas coloridas que são pintadas em torno do corpo do resistor. O esquema é
simples: Os primeiros números são os primeiros dígitos significativos do
valor da resistência, seguidos de um multiplicador, e pelo valor da
tolerância. Cada cor corresponde a um certo número, mostrado na tabela
abaixo. A tolerância para um resistor de 4 faixas será de 20%, 5%, ou 10%.
Atualmente, a maioria dos resistores são fabricados na tolerância de 5%, ou
seja, a última faixa é dourada.
Ilustração: Identificação do código de cores de
resistores
A seguir um quadro que ilustra para os valores possíveis para as 3
primeiras faixas que determinam o valor da resistência, conforme as séries
E12 e E24 para resistores com padrão de 4 faixas coloridas.
> Identificação Alfanumérica
Com o desenvolvimento da eletrônica e a miniaturização dos componentes,
está ficando cada vez mais difícil conter todas as faixas de cores em componentes
tão pequenos, como exemplo os resistores para montagem em superfície (SMD).
Desta maneira, um sistema de codificação alfanumérico é utilizado.
Este método utiliza três números, algumas vezes seguidos por uma letra.
Os números representam o mesmo que as primeiras três faixas coloridas de um
sistema de identificação por 4 faixas coloridas. A letra representa a
tolerância, sendo: M=±20%, K=±10%, J=±5%, G=±2%, F=±1%.
Ilustração: Exemplos de identificação
alfanumérica
Na ilustração acima, o código 473K, representa: 47 x 1000 = 47.000 ohms
ou 47KΩ, sendo a tolerância de ±10%, representada pela letra “K”. O
código 103 representa: 10 x 1000 = 10.000 ohms ou 10KΩ, sendo que a
tolerância neste caso somente poderá ser determinada com segurança
checando-se a folha de dados do fabricante.
Associação de Resistores
> Associação Série
No circuito série, a mesma corrente tem que passar através de todos os
componentes em série. Um amperímetro colocado entre quaisquer componentes
deste circuito iria indicar a mesma corrente. Já a tensão se divide pelos
resistores, sendo que este tipo de ligação pode ser entendido como “divisor
de tensão”.
As características seguintes definem uma associação em série para
resistores:
• Os
resistores são associados um em seguida da outro, sendo percorridos pela
mesma corrente;
• A
corrente que circula na associação em série é constante para todos os
resistores;
• A
queda de tensão obtida na associação em série é a soma total de cada
resistor;
• A
resistência total obtida pela associação em série de resistor é igual à soma
das resistências envolvidas;
• A
potência total dissipada é igual à soma da potencia dissipada em cada
resistor;
• O
resistor de maior resistência será aquele que dissipa maior potência.
Cabe
aqui considerar as fórmulas para cálculo da potência:
P = V . I ou P = R . I 2
Onde: P =
potência em Watts (W)
V = tensão em volts (V)
I = corrente em amperes (A)
R = resistência em ohms (Ω)
Qualquer que seja o tipo da associação esta sempre resultará numa única
resistência total a qual é também designada por resistência equivalente - e
sua forma abreviada de escrita é Req ou Rt.
O valor
da resistência equivalente para associação série é a soma dos valores das
resistências. Num circuito onde tenhamos duas resistências sendo R1 com valor
de 100 Ohms e R2 com valor de 20 Ohms, portanto o valor da resistência total
é de 120 Ohms, utilizando a formula teremos Req= 100 + 20. Caso haja mais de
dois resistores em série basta acrescentar os demais na fórmula e através de
uma simples soma obtemos o valor da resistência equivalente:
Req = R1 + R2 + ... + Rn
> Associação Paralelo
No circuito paralelo, a tensão é a mesma através de qualquer um dos
componentes que estejam conectados em paralelo. Um voltímetro colocado entre
quaisquer componentes deste circuito iria indicar a mesma tensão. Já a
corrente se divide por cada resistor, sendo que este tipo de ligação pode ser
entendido como “divisor de corrente”.
Características
fundamentais de uma associação em paralelo de resistores:
• Há
mais de um caminho para a corrente elétrica;
• A
corrente elétrica se divide entre os componentes do circuito;
• A corrente
total que circula na associação é a somatória da corrente de cada resistor;
• O
funcionamento de cada resistor é independente dos demais;
• A
tensão é a mesma em todos os resistores;
• O
resistor de menor resistência será aquele que dissipa maior potência.
A fórmula para o calculo da resistência equivalente (Req) para circuito
paralelo com qualquer quantia de resistores e qualquer valor é a que se segue
abaixo:
A resistência equivalente com dois resistores pode ser definido da
seguinte forma:
Analisando as fórmulas acima, percebe-se que caso os valores dos resistores
sejam iguais, a resistência equivalente é igual ao valor de uma das
resistências dividido pelo número de resistores associados em paralelo.
Leis de Kirchhoff
As Leis de Kirchhoff são assim chamadas em homenagem ao físico alemão
Gustav Robert Kirchhoff (1824-1887).
Descobertas
em 1845, essas leis são baseadas no princípio da conservação de energia e no
fato de que o potencial volta sempre ao seu valor original depois de uma
volta completa por uma trajetória fechada.
> Primeira Lei de Kirchoff: Lei das Correntes ou Lei dos Nós
“A soma das correntes entrando em um nó é igual a soma das correntes
saindo deste nó.” O conceito de divisor de corrente habilita-nos a predizer
quanta corrente circulará através de cada ramo num circuito paralelo.
Diagrama: Lei das Correntes ou Lei dos Nós
> Segunda Lei de Kirchoff: Lei das Tensões ou Lei das Malhas
“A soma das quedas de tensão ao longo de qualquer circuito em laço
fechado deve ser igual a zero”. Utilizar a lei de Kirchoff das tensões é uma
excelente maneira de checar respostas derivadas dos cálculos em laço fechado.
Diagrama: Lei das Tensões ou Lei das Malhas
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